quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SAIR DO QUADRADO ECONÔMICO!

Como combinado no texto do dia 25 de novembro, "O quadrado econômico", naquela ocasião opinei sobre a pasteurização da economia e da cooptação do Brasil para dentro do modelo, mesmo nos anos de governo PT, quando esperava-se um pouco mais de audácia em relação aos grandes temas.
 
A primeira coisa que devemos refletir é se será que fazendo poupança (superávit primário) para pagamento de juros da dívida brasileira, o país terá fôlego para investir nos itens primordiais da justiça social e na infraestrutura econômica?
 
A resposta é não. E, em vez de romper com o ciclo abusivo do pagamento de juros, repactuando sua dívida e reestruturando a mesma em patamares devidamente coerentes com tudo o que já foi pago, o país do PT aposta todas as suas fichas na "fortuna" que virá do milagre do pré-sal.
 
É obvio que não faço apologia a gastar-se mais do que se arrecada, mas a meta de superávit primário precisa ser revista para baixo imediatamente para os próximos 20 anos. Do contrário, o contraste social absurdo vai continuar pleno no Brasil.
 
A distribuição de renda sob o formato do Bolsa Família precisa passar para um novo estágio, que é o do investimento em educação básica e fundamental e o médico de família nos rincões mais distantes do país e mesmo nas áreas metropolitanas onde há comprovadamente grandes bolsões de pobreza. Isso é para ontem e precisa de mais dinheiro do que atualmente está investido no Bolsa Família.
A redução na taxa de juros é algo para ontem. Monetariamente a sua alta surte efeito sobre a queda da inflação, mas deixa estragos e efeitos colaterais, que tornam ineficaz a relação custo x benefício da "arma" monetária. Alguns exemplos dos seus estragos: aumento da dívida interna, redução da disponibilidade orçamentária para projetos sociais e investimentos, aumento da fortuna de investidores nacionais e estrangeiros com a imediata consequência do aumento da desigualdade de renda e a entrada de papéis pintados de verde apenas temporariamente para sugarem juros.
 
O combate saudável a inflação é a distribuição de renda, a melhoria da produtividade no setor privado, a redução das margens de lucro em vez da redução do IPI e maior presença do Estado como regulador, quiçá produtor em alguns setores e estimulador do empreendedorismo individual e do micro empreendedorismo.
 
Taxar grandes fortunas é assunto recorrente. Não resolve questões de caixa, mas serve para dar o exemplo de que o país pode ter um sistema tributário mais justo, melhor distribuído entre as camadas sociais.
 
E, por fim, é preciso romper com o longo processo de dependência do país em relação ao capital estrangeiro. Tal dependência deixa brechas que reduzem a soberania nacional. Mas, se os governos PT não conseguiram impor-se internamente, fazendo composições à direita, não os vejo com mentalidade e nem disposição para confrontar o grande capital estrangeiro.
 
Infelizmente, o que vejo é um vazio na esquerda. Um lugar a ser ocupado, mas que ainda parece um pedacinho do universo sem massa, sem luz e sem energia. Ao que tudo indica, estamos mais próximos de um retorno à direta com sua ideologia do Estado mínimo, do mercado como regulador(auto) e do alinhamento com o EUA e Europa.
 

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