quinta-feira, 28 de maio de 2015

POEMAS DE ANGOLA - AGOSTINHO NETO

Vocês sabem que entre alguns textos sobre política, sociedade, economia e história, costumo publicar poesias. Já faz alguns meses que estou esperando alguma das principais datas relacionadas a guerra de independência de Angola para publicar um poema do líder do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), Agostinho Neto.
 
Para um país que se liberta de quatro séculos de exploração e opressão com sangue escorrendo nas sendas da longa guerra de independência, todos, absolutamente todos os dias são dias marcantes. Vou publicar hoje e dar um chute na metódica linear e cronológica. E faço uma homenagem a todos os angolanos que enfrentaram o domínio anglo-português.
 
Agostinho Neto escrevia poesias na selva, durante os 13 anos de guerra contra Portugal. Segundo Jorge Amado, "a poesia foi arma poderosa....sustentou o ânimo e alimentou a esperança dos guerrilheiros".
 
A poesia a seguir, é uma das publicadas no livro Poemas de Angola, que conta com prefácio de Jorge Amado, datado como Salvador, novembro de 1975. A proclamação da Independência se deu às 23 horas do mesmo dia.
 
A 2ª edição do livro foi produzida no Brasil em 1979 pela editora CODECRI Ltda, Rio de Janeiro. Além disso, deixo o site da Fundação Antônio Agostinho Neto www.agostinhoneto.org 
 
HAVEMOS DE VOLTAR     (poesia de Agostinho Neto)
 
Às casas, às nossas lavras
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar
 
Às nossas terras
vermelhas do café
brancas do algodão
verdes dos milharais
 
havemos de voltar
 
Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar
 
Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar
 
À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar
 
À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar
 
Havemos de voltar
à Angola libertada
Angola independente.

terça-feira, 26 de maio de 2015

REC - REDE DE ECONOMIA CRIATIVA

Hoje o blog será aberto para a divulgação de uma rede de várias iniciativas em prol da conscientização e do envolvimento infanto-juvenil nas questões relativas ao consumo consciente, a preservação ambiental.
 
Um dos temas trabalhados em 2015 é "AROMAS, CORES E SABORES - FLORES E FRUTOS DO BRASIL".
 
Eu apoio a iniciativa e repasso mais informações e contato direto com as pessoas envolvidas na coordenação dos projetos.
MICA - MOVIMENTO INFANTOJUVENIL CRESCENDO COM ARTE
Rede de Economia Criativa - REC Brasil
PROMOVEM

CONCURSO NACIONAL DE VERSO E ARTE PROJETO CONHECER PARA PRESERVAR
 
TEMA 2015"AROMAS, CORES E SABORES - FLORES E FRUTOS DO BRASIL"
PARA CRIANÇAS E JOVENS DE 6 A 16 ANOS

POR FAVOR, DIVULGUEM ENTRE AS CRIANÇAS DE SUA FAMÍLIA, VIZINHOS, AMIGOS. DIVULGUEM PARA PROFESSORES, ESCOLAS, INSTITUIÇÕES COM CRIANÇAS E JOVENS. OS TRABALHOS PODEM SER ENVIADOS, TAMBÉM, INDIVIDUALMENTE OU, A PARTIR DE CINCO TRABALHOS,
ALÉM DE ESCOLAS E INSTITUIÇÕES. TAMBÉM PODEM SER ENVIADOS EM NOME DE ASSOCIAÇÕES, HOSPITAIS, ORGANIZAÇÕES, CLUBES, ACADEMIAS, BIBLIOTECAS, CONDOMÍNIOS, ETC....
 
   
PARA TODAS AS REGIÕES DO BRASIL.
REGULAMENTO E MODELO DE FICHA NO BLOG
.REGULAMENTO, TAMBÉM NO BLOG.
Apoio:



Movimento Infanto-Juvenil Crescendo com Arte
http://artmica.blogspot.com/
 
 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

ECONOMIA EM DESTAQUE

Em minha última publicação, fiz severas críticas a política macroeconômica que combina ajuste fiscal com juros altos. Fiz as críticas, pois as ações em curso e as pretendidas são auto-flageláveis.
 
É como se fosse possível para um ser se alimentar de si mesmo. Imaginem que situação, o imaginável ser irá perder peso e nutrientes quando devorar pedaços de si e quando digerir o que comeu irá recuperar nutrientes e peso. O resultado é pura matemática: o indivíduo fica na mesma.
 
Por mais estranho que possa ser, é exatamente isso que o Brasil está fazendo. Vejamos alguns exemplos de causas e consequências:
 
a) juros altos - ação de caráter monetário para desestimular o crédito, reduzir o dinheiro em circulação e forçar a queda de preços.
 
Comentário: os juros altos indexam a dívida brasileira baseada na taxa de juros, levando o país a ter que fazer a cada ano um esforço cada vez maior para pagar os juros da sua dívida. A atitude é de uma inteligência impar, pois quanto maior for a meta de superávit primário, mais dependentes ficaremos do capital estrangeiro. Além disso, a alta dos juros reduz o poder de compra do assalariado e dos autônomos, que vêm de um período de crescimento da inflação e não possuem defesas para recomposição de suas perdas a não ser a própria capacidade de luta, que no caso dos assalariados fica limitada as categorias que possuem sindicatos fortes e capacidade de mobilização. Os autônomos, por sua vez, estão passando por um período de redução de demanda, causada pela queda da renda de um modo geral.
b) corte orçamentário - há diversos itens do orçamento da União, cuja execução pode ser suspensa ou até eliminada das intenções para o ano em exercício, dependendo da arrecadação fiscal e da política econômica. O governo já sinalizou que pretende promover um arrocho no orçamento dos Ministérios, que pode chegar a 80 bilhões de reais. Dificilmente corta-se repentinamente recursos de custeio, pois em grande parte referem-se a salários. No máximo, o que tende a ocorrer é o governo cortar parte do que pretendia aumentar de gastos com  reajustes de salários dos servidores. Então, o que sobra normalmente para cortes está relacionado ao adiamento de projetos de investimentos, paralisação de obras em andamento e contingenciamento de recursos voltados para projetos sociais.
 
Comentário: o governo federal aposta as suas fichas numa possível retomada do crescimento econômico a partir do último trimestre de 2015. O governo acredita que dessa forma o emprego voltará a crescer e em consequência disso a renda média do trabalhador também. O jogo, entretanto, é bem mais complicado, pois os cortes que o próprio governo está fazendo e pretende aprofundar, geram paralisia em alguns setores da economia como o de infraestrutura, construção civil (vejam que a Caixa Econômica está sem recursos), logística, produção de bens de capital etc. Tudo isso leva a um desencadeamento de consequências que contribuem para a queda da atividade econômica e quiçá a elevação de um ou outro imposto para o governo honrar o compromisso de gerar 1,2% de superávit primário.
 
c) Aposta no agronegócio, na recuperação da atividade petrolífera e nos negócios com a China - sim, o governo tem as suas cartas na manga e as está jogando com rapidez surpreendente. A produção de grãos superou 200 milhões de toneladas. Se parte dessa produção vai virar alimento para a suinocultura nos EUA e na China, o Brasil não está muito interessado em saber. A recuperação da credibilidade da Petrobrás e das atividades produtivas da mesma, bem como a sua capacidade de geração de caixa deixou muita gente perplexa e essa é outra carta na manga do governo. Finalmente, vem aí os "negócios da China", ou melhor, com a China, com impressionante pacote de investimentos chineses, cujo mais interessante e desafiador será a ferrovia que ligará o Tocantins ao litoral do Peru para transito de produtos via oceano Pacífico.
 
Comentário: o agronegócio tem sido a nossa tábua de salvação quando verificamos a sua participação crescente no avanço do seu crescimento e contribuição para o PIB. Além da produção de 2015 trazer uma forte contribuição para a balança comercial, a sua grandiosidade tenderá a influir nos preços internos dos alimentos e contribuir para a contensão inflacionária. Quem sabe, tal produção não convença o COPOM a começar a reduzir a taxa de juros? Com o preço ajustado da gasolina e do diesel desde o início do ano, o seu impacto inflacionário já deu no que tinha que dar. Embora um novo plano de negócios venha a ser adotado pela Petrobrás, o diretor financeiro em vídeo conferência anunciou que os investimentos da estatal para 2015 serão mantidos. Some-se a isso o aumento paulatino que temos observado na produção do pré-sal. Assim, toda a cadeia produtiva que depende da gigante brasileira tende a se recuperar rapidamente. Quanto ao pacote de contratos fechados com o primeiro-ministro chinês, fico satisfeito, pois no cenário econômico mundial fortalece a posição dos BRICS como contraponto aos países ocidentais ricos, mas deixa-me atento, pois o Brasil não pode simplesmente mudar o lado da sua dependência. Não adianta trocar os EUA pela China e continuarmos a fornecer matéria-prima e a depender de tecnologia de terceiros no setor industrial. Essa parceria com a China ainda terá que ser bem analisada, pois mesmo que seja uma parceria bem ajustada, fica sempre evidente a nossa dependência de capital externo.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

AJUSTE FISCAL INTERESSA A QUEM?

Caros leitores progressistas, esquerdistas, militantes de alguma causa social justa e simpatizantes da justiça social, seja de que forma essa simpatia se manifeste dentro de vós.
 
Penso que o Brasil de hoje está num beco; não diria sem saída, pois há sempre oportunidades onde há tremendas dificuldades. Na pior (ou melhor) das hipóteses explode-se o beco.
 
Nesta semana a Presidenta pediu aos Ministros um esforço para conterem 80 bilhões de reais de gastos nas suas pastas. O governo trabalha em outras frentes com a ideia fixa no chamado ajuste fiscal e encontra pela frente lideranças do PMDB que, oportunistas e demagogos, confundem o cenário com manobras de ética duvidosa.
 
Apesar das adversidades na Câmara e no Senado, repetirei a sentença de que o governo trabalha com a ideia fixa no ajuste fiscal. Ajuste fiscal é uma espécie de "aperto no cinto" das finanças de uma forma exagerada e sacrificante. É algo que não faz bem e o intuito é atender aos interesses internacionais e dos bancos, considerando que a sua estratégia é atingir uma determinada meta de superávit primário.
 
Dentro de uma casa seria como reduzir gastos com telefonemas, suspender alguma obra iniciada, manter o ar-condicionado desligado e chegar a níveis mais drásticos de contensão como diminuir a quantidade de pó de café para fazer a mesma quantidade normal de café, cortar aquele paio que dá sabor e aroma no feijão, consertar roupas poídas em vez de substituir por peças novas, substituir algumas carnes por vísceras etc.
 
Tanto numa residência como no governo, tal esforço significa chegar ao fim do ano e bradar: fizemos poupança!!! Agora, é só ir até o banco e em vez de transformar essa sobra em ativos, tanto o cidadão comum quanto o governo, entregam ao sistema financeiro todo o resultado do seu esforço para poupar sob forma de pagamento de juros.
 
Todos os jornalistas de economia, quanto os economistas de postura pasteurizada e homogeneizada, afirmam que o remédio é amargo, mas resolve. O país recupera credibilidade, as agências de rating ficam felizes, o FMI adota o exemplo do país para levar para outros cantos do mundo, o investidor estrangeiro aumenta a sua confiança e tende a investir em papéis brasileiros, o empresariado nacional melhora as suas expectativas, a inflação cai e todos passarão por anos felizes de crescimento paulatino do PIB.
Mentira, mentira e mentira!!! Fiz várias comparações entre um ajuste fiscal doméstico e o de um governo. Entretanto, o cidadão endividado senta com um representante do banco e negocia ou renegocia a sua dívida, inclusive obtendo redução de juros. É só ele negociar com firmeza e bem orientado.
 
Já o Estado brasileiro, o governo brasileiro e que fique claro não estou me limitando ao atual, pois somos subservientes, dependentes e puxa saco das potências mundiais desde muito, jamais teve coragem e dignidade de em nome do povo, que paga toda a conta, revisar, auditar e impor as suas condições para pagar o preço justo e correto pela dívida interna e pela externa.
 
Ao colocarmos na ponta do lápis toda sorte de exploração das nossas riquezas e o custo do sofrimento do povo brasileiro, sim a exploração de um povo deve ser convertida em valores, é possível até que em vez de devedores nos tornemos credores.
 
Todo o nosso sangue, desde o Brasil colônia, vem sendo derramado sob forma de exploração laborativa para dar boa vida aos países ricos. Melhor dizendo, aos países ladrões.
 
Então, contra a corrente, eu reafirmo que a política de juros altos e o ajuste fiscal feito com efeito sobre o povo, são equívocos de quem acredita que com isso teremos 2017 e 2018 em pleno crescimento para faturar mais uma eleição.
 
O modelo está esgotado e não há partidos ideológicos no Brasil. Portanto, em eleições majoritárias, salvo uma ou outra exceção, ninguém representa o povo, neste momento, no Brasil.
 
A conclusão é a de que precisamos de uma constituinte popular e democrática, que reveja o papel das instituições e crie uma nova instituição: o poder popular.

terça-feira, 12 de maio de 2015

POESIA: PECADO ORIGINAL

Ontem, este blog completou 7 meses e hoje atingiu a marca de 35.000 visualizações e 77 textos publicados. O que importa de fato é ver que ao dedicar algum tempo expondo opiniões, nem sempre conclusivas, pois muitas vezes tenho apenas a pretensão de provocar a reflexão em vez de apresentar um receituário "verdadeiro" para as coisas mundanas, pessoas demonstraram e demonstram interesse.
 
Não esperava chegar a tais números, pois geralmente trato de temas "chatos" como política, economia, história e sociedade. Além disso, sou apenas um palpiteiro com uma dose de pesquisa e leitura. Parece que essa "tal conectividade", juntamente com essa "tal interatividade" surtem efeito.
 
Como o próprio nome do blog sugere, o espaço é para minhas opiniões. E para as suas. O espaço para comentários está disponível. Penso que fazemos uma gota no oceano, mas acredito no poder da multiplicação das reflexões. Quem sabe até, algo daqui e dali transforme-se em ações. Vamos em frente!
 
Em minha publicação anterior, QUEM SOMOS NÓS, inspirei-me num verso do genial Fernando Pessoa: "Sou quem falhei ser". O verso fora pinçado do poema Pecado Original, que Fernando Pessoa assina como Álvaro de Campos.
 
Então, vamos comemorar as 35.000 visualizações apresentando o poema na íntegra. Uma verdadeira obra prima!!!
Pecado Original   -  Autor: Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
 
Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade -o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza -o propósito à mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão.
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

QUEM SOMOS NÓS

Segundo Fernando Pessoa escreveu na poesia "Pecado original", assinando como Álvaro de Campos, "Sou quem falhei ser". De fato, a vida permite que façamos planos e nos vejamos no futuro; individualmente ou coletivamente. Ocorre que o futuro nada mais é do que uma licença poética, pois a sua existência é fruto da imaginação ou de uma projeção do presente e do passado.
 
A covardia que se deu em Curitiba onde todo um aparato militar foi montado para massacrar professores desarmados, armados apenas com as suas consciências políticas é uma prova bastante recente de que apenas "Somos quem falhamos ser".
 
Diversas iniciativas foram propostas para repudiar e pedir a renúncia do governadorzinho do Paraná; estudantes aderiram aos protestos, professores pararam em outras localidades do Brasil, marcaram um dia de luto para professores darem aulas vestidos de preto etc.
 
O meu filho estuda numa universidade federal. No dia do luto, perguntei se algum professor foi de preto. A resposta negativa não me surpreendeu, pois além do corporativismo, muitos professores colocam as suas carreiras e seus egos acadêmicos na linha de frente de seus projetos futuros. Neste caso, também se aplica o verso "Somos quem falhamos ser".
 
Os paneleiros das varandas não demonstram indignação com a covardia cometida pelo governador do Paraná e defendida pela cúpula do PSDB. Que nada, provavelmente na cabeça dessa gente a corrupção pentasecular no Brasil e transferida para  a responsabilidade de uma sigla: PT, que tem os seus corruptos sim, mas que está longe de ser PT e corrupção  uma relação de criador e criatura. Os varandistas que indignam-se  por terem perdido a eleição de 2014, não querem ouvir a Presidenta, mas também não querem que outros ouçam, são incapazes de ter uma atitude de revolta contra a covardia, contra a estupidez, contra a violência praticada pelo Estado contra professores. Ou que fosse outra categoria, é inadmissível a opressão física e psicológica como assistimos ao vivo pela TV.
Penso com tristeza, por que este caso de Curitiba não mobilizou os brasileiros como em meados de 2013. Em meados de 2013 havia uma certa abstração, uma coisa meio do tipo cada um reclama do que quiser.
 
Estando o trabalhador brasileiro consciente da sua condição histórica e organizado, o verso do Fernando Pessoa perde sentido coletivo e mantém-se como um verso espetacular no campo pessoal. No campo coletivo o fato de Curitiba seria o estopim para o povo convocar passeatas nas principais cidades brasileiras e dizer em múltiplas vozes que nada que está aí nos três poderes representa de fato os interesses majoritários do povo.
 
Quero estar vivo para ver o poder público se atrever a encostar uma única bordoada em manifestações com 500 mil, 1 ou 2 milhões de brasileiros. É capaz de mais policiais se juntarem aos 17 PM que se negaram a cumprir a ordem para atacar os professores e marcharem com o povo, onde é o lugar do policial militar que não é o que falhou ser.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

DIA DO TRABALHADOR

Há que se destinar uma visão histórica sobre o "dia do trabalhador". Antes de mais nada, é importante esclarecer que, embora, trabalhadores sempre existiram ao longo da história humana, por exemplo, escravos, servos e artesãos, o dia 1º de maio é algo da nossa "era", a sociedade industrial e patronal.
 
Portanto, grosso modo, embora hoje seja dia do trabalhador, a sua origem é industrial e, portanto, operária. É claro que a modernização social e a sofisticação do consumo criaram aglomerados de trabalhadores de outros setores da economia que foram ganhando força com a necessidade sistêmica de expansão consumista e a própria necessidade de sobrevivência das pessoas sem emprego fabril. Estou falando dos comerciários, bancários, o povo do trabalho informal, funcionários públicos, autônomos, artistas e várias outras formas de trabalho que cresceram na sociedade do nosso tempo: o tempo contemporâneo.
 
O salário, as condições de trabalho e a jornada de trabalho são elementos essências para se caracterizar o trabalhador da era industrial. E, naturalmente, que temas como esses levaram trabalhadores a se organizar nos países industrialmente mais avançados através de associações e sindicatos que cresceram ao longo do século XIX.
 
A sensação empírica de estar sendo explorado e até mesmo de física e mentalmente o trabalho  levar ao esgotamento a ponto do operário apenas utilizar o seu tempo fora da indústria para descansar e repor alguma energia, surge, também no século XIX, o anarquismo e principalmente a interpretação científica da exploração do homem pelo homem com provas irrefutáveis de que a luta de classes esteve e está presente em todas as sociedades pós-revolução agrícola.
 
A interpretação científica da História é fruto do trabalho de Karl Marx e Friedrich Engels, que além de interpretarem, provaram que a história é algo em constante movimento e, por isso,  preveem o fim do capitalismo a partir das suas próprias contradições. E, mais que isso, os dois estudiosos propõem em pleno século XIX a aceleração da passagem do capitalismo para uma sociedade totalmente igualitária, sem classes sociais, chamada de comunismo.
Porém, fazem uma ressalva; para acelerar o fim da exploração do homem pelo homem seria preciso que o trabalhador tivesse consciência da sua condição de explorado. Tendo tal consciência os trabalhadores conseguiriam se organizar para combater a exploração e através de um sistema transitório e realmente gerido pelo povo e para o povo chegar ao comunismo. A sociedade transitória é chamada de socialismo.
 
Todo esse caldo efervescente do século XIX, que se acentua na segunda metade do século, faz eclodir diversos movimentos reivindicatórios de natureza operária nos países mais industrializados. É bom lembrar, que no início do século XIX países como Inglaterra, França, Alemanha e até mesmo os EUA já eram países industriais e o Brasil ainda era uma colônia prestes a virar sede do reino português, cuja economia era escravocrata e oligarca rural.
 
Abrindo um pequeno parênteses, percebam que o atraso brasileiro, latino americano, africano, não tem relação com ser mais ou menos competente. Uma das questões centrais é a industrialização tardia, posto que esses países foram colônias e em grande parte, obrigadas a manter comércio somente com a sua metrópole com saldo sempre favorável à metrópole e destinadas a fornecer matéria prima. Abri esse "parêntesis" apenas para sugerir que paremos, que sepultemos de vez o nosso "complexo de vira-latas".
 
As reivindicações da segunda metade do século XIX e início do século XX geraram confrontos entre trabalhadores e forças repressoras dos Estados Burgueses. Um dos movimentos mais famosos e que culminou com a morte de 3 trabalhadores foi realizada em Chicago(EUA) em 3 maio de 1886 e que tinha como bandeira principal a redução da jornada de trabalho de 10 para 8 horas. No dia seguinte houve mais protestos e desta vez o número de mortos chegou a cerca de 17 pessoas.
 
Naquela época havia uma organização chamada Internacional Socialista, que visava manter os movimentos operários organizados de diversos países, reunidos, debatendo em conjunto e cada qual tomando conhecimento das lutas em cada país. Três anos depois do episódio em Chicago, a Internacional Socialista aprovou a criação de um dia mundial de luta dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho.
 
Portanto, o DIA DO TRABALHADOR não é para darmos e recebermos parabéns. Muita gente lutou e morreu até que a jornada de 8 horas fosse sendo adotada paulatinamente nos países ricos e industrializados. O dia de hoje não é para tapinha nas costas; é um dia para reflexão onde os trabalhadores estão vivendo um momento de baixa consciência de classe e pouca organização como é o caso no Brasil. Mas também um dia de reivindicações e de resgate da luta organizada nos países onde os trabalhadores estão mais conscientes e organizados.
 
No mínimo, é um dia de luto por ainda estarmos vivendo numa sociedade com explorados e exploradores.