POESIA: EU NÃO ME CALO

O momento de turbulência de diversos tipos em todo o mundo, é fruto do domínio, da arrogância e da prepotência ocidental capitalista.

Como disse Pablo Neruda no livro Confesso Que Vivi, "o poeta que sabe chamar o pão de pão e o vinho de vinho é perigoso para o agonizante capitalismo".

Então, que tal começarmos a semana, inspirados e motivados pelas palavras de Neruda lindamente arrumadas na poesia Eu Não Me Calo?

Eu não me calo.

Eu preconizo um amor inexorável.

E não me importa pessoa nem cão:

Só o povo me é considerável,

Só a pátria é minha condição.

Povo e pátria manejam meu cuidado,

Pátria e povo destinam meus deveres

E se logram matar o revoltado

Pelo povo, é minha Pátria quem morre.

É esse meu temor e minha agonia.

Por isso no combate ninguém espere

Que se quede sem voz minha poesia.

(Neruda, 1980) 

IDEALISMO E MATERIALISMO

O texto de hoje será o fechamento do artigo do dia 6 de novembro, ocasião em que escrevi Sobre Filosofia. Lembrando a todos que não sou filósofo, mas a filosofia é algo tão importante que tornou-se matéria obrigatória no currículo do ensino médio e na prova do ENEM.

Diversas vezes já disse que o blog JB-Opinião, como o próprio nome sugere, é um espaço para opiniões livres, completas, incompletas, acadêmicas, comuns, ou seja, importa-nos abordar temas sempre de um ponto de vista progressista e estimulante. É claro que, por não ser especialista em tudo, fato que se o fosse me tornaria um universalista completo (que pretensão!), o ato de escrever para não ser algo vulgar demanda pesquisa, formação de convicção, troca de ideias com outras pessoas, estudo contínuo e uma forte vontade de que no Brasil as pessoas leiam mais, estudem mais, debatam mais e comecem a formar consciências menos jornalísticas e midiáticas.

Dito isto, vamos escrever um pouco sobre os dois grandes polos da filosofia: o idealismo e o materialismo.

Filosofia Idealista

Sendo bastante direto e objetivo, penso que os filósofos idealistas são tomados por uma espécie de devaneio. A realidade suposta por tal linha filosófica parte do princípio de que o mundo perfeito esta no espírito das ideias e que de tal mundo vaporizado é que surge o mundo real.

Percebam, que em tal sistema filosófico, o ideal, que seria a perfeição ética, é que deve comandar o real, supondo-se, neste caso, que o real não tem vida própria. Assim, o mundo real, seria um mundo perfeito, constituído a partir de um ideal maior e num equilíbrio tão perfeito, que ele seria o fim em si mesmo. Algo sem contradições. A morte da dialética.

Filosofia Materialista

O materialismo é o oposto do idealismo na medida em que parte do princípio de que o mundo real é que influencia e direciona o mundo das ideias. Assim, os fenômenos históricos, sociais e mentais são constituídos pelos acontecimentos do mundo concreto.

Sendo o mundo real o mundo concreto, o mundo da verdade dos acontecimentos, tal mundo não é estático, ao contrário, está em constante movimento, assim como os planetas no universo ou as moléculas de qualquer matéria. Portanto, é justo inferir, que para a linha filosófica materialista a História, até hoje, é a História do ser humano em movimento e cujo principal movimento humano é aquele presente em todos os tempos e fundamental para a existência: a economia.

É correto, portanto afirmar que, como a economia é gerada por forças diferentes, um escravo não tem os mesmos interesses que o proprietário do canavial, assim como um operário não tem os mesmos interesses que o proprietário da indústria. Conclui-se que as "moléculas" que se chocam na substância social produzem o efeito conhecido como dialética.

Como podem perceber isso tudo é tema para vários papos. Dissemine, converse com seus amigos, proponha reflexões, vá em frente, pois a dialética é implacável e por isso a vida é muito curta!

SOBRE FILOSOFIA

A filosofia é talvez a única área do conhecimento humano, que dispensa formalidades epistemológicas. Aliás, se a filosofia fosse uma pessoa, seria daquele tipo informal e aberta a novas ideias e a novas experiências, além de ser um tipo dado a quebra de paradigmas.

É claro que a comparação acima é válida para a filosofia de todos os filósofos e de todos os tempos. Ao selecionarmos um ou outro filósofo para estudar, encontramos normalmente um sistema de interpretações básicas imutáveis, pois elas conduzem todo o trabalho de um filósofo. 

Uma das maiores questões da filosofia é como ser aceita se o filósofo é produto do seu próprio tempo, espaço e sociedade. Quando se questiona o trabalho de um filósofo por tal ponto de vista, então chega-se a conclusão de que a filosofia precisa ter a sua própria filosofia. Seria a filosofia da filosofia.

Todas essas questões me levam a crer que a filosofia é a mais humana das ciências, pois as suas imperfeições são eternas. Nunca haverá a filosofia total e definitiva. Por isso, há que se tomar cuidado com os modismos filosóficos e as filosofias estáticas, que buscam descrever o conjunto humano e histórico como permanente.

A única coisa permanente na filosofia é que, como supomos ter dito Sócrates, "só sei que nada sei". embora a frase seja desanimadora, ao mesmo tempo a sua mensagem é altamente motivadora, pois instiga o ser humano a buscar a verdade sobre as coisas. 

É justo dizer, que a história humana é uma história cruel. Assim sendo, buscarmos entender os motivos que alimentam a crueldade histórica, é sem dúvida alguma a única maneira de se evoluir enquanto seres inteligentes, racionais e donos do nosso próprio destino.

Donos do nosso próprio destino é fundamental para entendermos como a roda viva da viva suga a todos nós. Já se perguntaram porque a vida não é algo ameno, saudável socialmente, justa, com pessoas altamente evoluídas do ponto de vista humanístico?

Precisaremos continuar este papo, pois há filósofos que estimulam o raciocínio reflexivo, onde cada pessoa busca compreender a sua própria condição em meio ao todo; assim como há filósofos influentes que passam a ideia da estabilidade, onde questionar a própria condição seria perda de tempo, pois ela é do jeito que é para manter o equilíbrio estático da sociedade.

Fica combinado, que no próximo texto iremos trabalhar o materialismo, que pensa um mundo em constante movimento e que pode ser e é modificado pelo homem, portando as modificações podem ser planejadas; e o idealismo, que pensa num cosmo sem dinâmica e com paradigmas imutáveis