quarta-feira, 28 de outubro de 2015

TODO APOIO A MAURO IASI

Mauro Iasi é formado em História, possui mestrado e  doutorado, já  lecionou em diversas universidades e atualmente é professor da UFRJ e militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro.

Passada a formalidade de apresentar ao leitor quem é Mauro Iasi, vamos entender o que está acontecendo com o professor. E, que fique claro que este texto não tem por objetivo defender ou criticar as ideias por ele defendidas.

Em um Congresso de um órgão de luta classista, o professor Mauro Iasi, incansável militante, esteve presente e fez uso da palavra. Em certo ponto do discurso, Mauro admitiu ser impraticável qualquer tentativa de diálogo com os setores mais radicais do conservadorismo, como exemplo os grandes ruralista e a chamada bancada da bala, além de setores cujo golpismo encontra-se no seu DNA.

Em vista de tal situação, o professor citou um trecho de uma poesia de Bertolt Brecht sinalizando que tais segmentos radicais de direita ao desconhecerem o diálogo só resta-lhes "um bom paredão, onde vamos coloca-los em frente a uma boa espingarda, com uma boa bala, e vamos oferecer depois uma boa pá e uma  boa cova."
O que quero defender através desta publicação não são as ideias de A, B ou C, embora quem me acompanha sabe que sou um combatente contrário ao conservadorismo, contrário a direita raivosa e contrário aos desinformados, que por pura ignorância, pedem atitudes golpistas de caráter civil ou militar; infelizmente não sabem quanto sofrimento e quanta luta demandou para vivermos numa democracia imperfeita, cheia de vícios e arcaica, mas ainda assim trata-se de um modelo político aberto para receber melhorias e não um modelo tirânico fechado.

Então, voltando ao que quero defender, torna-se muito simples, pois trata-se do direito da livre expressão ideológica. O professor Mauro Iasi é assumidamente um comunista e, como tal, ele combate os representantes do capital. Jogo aberto.

Ocorre que depois de proferir os versos de Bertolt Brecht, a reação foi imediata. O professor vem sofrendo ameaças e pedidos de afastamento do quadro de professores da UFRJ.

Um dos cabeças da reação, não poderia deixar de ser, é o tal de Bolsonaro. Logo ele, que adora um golpismo, não tem nenhum respeito pelas mulheres, defende abertamente a  letalidade da polícia contra bandidos, dentre diversas outras coisas, que se encaixam no perfil do grupo que professor em seu discurso disse não haver condições de diálogo.

Falar que "bandido bom é bandido morto", pode, mas "citar um poema que dá a entender que para os radicais de direita só um bom paredão", não pode?

Há no facebook uma página chamada Toda a Poesia em apoio a Mauro Iasi, clique no texto em azul e publique uma poesia progressista, popular, revolucionária, enfim abra o verbo e mostre que, independentemente de apoiarmos ou não as ideias do professor, apoiamos o seu direito de falar sobre elas e não ser perseguido por isso.

Liberdade de Expressão Ideológica!!!!!!!!!!!!

domingo, 11 de outubro de 2015

ANIVERSÁRIO: 1 ANO DO BLOG

Meus amigos, navegadores de passagem e leitores contumazes, hoje, dia 11 de outubro de 2015 é o aniversário de 1 ano do blog. Foi um ano de compartilhamentos, de troca de ideias e como o nome do blog sugere de muitas opiniões formuladas e publicadas sem medo de críticas e com total independência. Penso e escrevo, logo existo.

Uma existência que através dos artigos e poesias aqui publicados, foram 100, nunca pensei em passar verdades concluídas. O que há de concluído são meus princípios, que numa rápida vista de olhos o leitor percebe que sou afinado com a busca por uma sociedade mais justa, menos explorativa e menos opressora.

Assim que o blog foi ao ar, ter um texto lido por 40 pessoas era superação de expectativa. Hoje, um ano depois, vários artigos e poesias superam a marca de 300 leitores. Os dois mais lidos, POESIA DE VINÍCIUS DE MORAES e POESIA: TEU SEGREDO, aproximam-se da marca de 600 leitores. A poesia de Vinícius de Moraes chama-se Repto; é uma obra-prima. Já a poesia Teu Segredo é de minha autoria.

Neste exato momento, um ano depois, de um modo geral o blog foi acessado por 64.300 pessoas. Por muito pouco, não estamos fazendo uma dupla comemoração: o aniversário e a marca de 65 mil visualizações.
O início do blog coincidiu com um momento de debates acirrados sobre as eleições presidenciais no Brasil. Na ocasião, já novembro de 2014, optei por analisar o resultado do segundo turno, dividindo o país em sete regiões. Talvez, um dos melhores textos que publiquei tenha sido a análise das eleições no nordeste através do texto O NORDESTE CRISTÃO, publicado no dia primeiro de novembro.

Próximo ao fim de 2014, no dia 29 de dezembro, publiquei RECORTES - FERNANDO PESSOA, prosas e versos escolhidos e retirados do Livro do Desassossego. Como apaixonado por poesia, não poderia deixar de mencionar uma das várias publicações contendo a genialidade de Fernando Pessoa.

Em fevereiro deste ano, publiquei O SENHOR COISA. Fiz uma referência as mãos invisíveis que realmente mandam no Brasil e no mundo. Quem aparece e está investido de algum cargo público ou representa os verdadeiros mandantes, que nunca dão as caras, ou sequer sabem o que estão fazendo e, por isso, muitas vezes são manipulados ou engolidos pelo sistema. Durante mais ou menos dois meses, o texto transitou entre os dez mais lidos desde a inauguração do blog.

DIÁLOGOS HIPÓCRITAS, publicado no início de março, foi escolhido para compor esse texto comemorativo por dois motivos. O primeiro é que marca o terceiro período de mudança de patamar na quantidade de leitores por texto. Com o O HUMANO FINITO E SUA INFINITUDE, pela primeira vez um artigo superou a marca de 200 leitores. E o segundo motivo é a natureza satírica do texto, num momento em que brasileiros se desrespeitavam e deixavam aflorar toda uma espécie de intolerância e hipocrisia em debates políticos.

Outros textos, que foram marcantes e merecem citação nesta comemoração:
  • RENATO RUSSO O POETA PÓS DITADURA - publicado em 30 de março deste ano
  • DIA DO TRABALHADOR - publicado em primeiro de maio, apresenta uma visão histórica da origem do dia e do significado, também histórico sobre o trabalhador na sociedade pós-industrial
  • QUEM SOMOS NÓS - publicado no dia 7 de maio, faz referência a truculência policial contra uma manifestação legítima e legal dos professores do Paraná. Passados vários meses, o texto é o sexto mais lido até hoje
Finalmente, como eu disse num texto publicado em 21 de agosto E LA NAVE VA!!! Espero vida longa para o blog ou para qualquer outro formato que venha a ter. Importante, que exista, e que alterne, como tem sido, temas de difícil digestão, mas que temos que encará-los, com as mensagens poéticas, marca insubstituível do blog. Agradeço a todos, que de forma frequente ou não, dedicaram um pouco do seu tempo a ler meus textos. Espero, sempre, que eles não sejam soberbos, mas que terminem intermináveis para que cada leitor faça as suas reflexões e conclusões.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

POESIA PARA O FIM DE SEMANA

Faz tempo que não publico nenhuma poesia do inigualável Fernando Pessoa. Que tal uma para deleite de todos nós no fim de semana?

Realidade  ( a poesia é assinada por Álvaro de Campos, um dos heterônimos do Fernando Pessoa)

Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...
Nada está mudado — ou, pelo menos, não dou por isto —
Nesta localidade da cidade...

Há vinte anos!...
O que eu era então! Ora, era outro...
Há vinte anos, e as casas não sabem de nada...

Vinte anos inúteis (e sei lá se o foram!
Sei eu o que é útil ou inútil?)...
Vinte anos perdidos (mas o que seria ganhá-los?)

Tento reconstruir na minha imaginação
Quem eu era e como era quando por aqui passava
Há vinte anos...
Não me lembro, não me posso lembrar.

O outro que aqui passava, então,
Se existisse hoje, talvez se lembrasse...
Há tanta personagem de romance que conheço melhor por dentro
De que esse eu-mesmo que há vinte anos passava por aqui!

Sim, o mistério do tempo.
Sim, o não se saber nada,
Sim, o termos todos nascido a bordo
Sim, sim, tudo isso, ou outra forma de o dizer...

Daquela janela do segundo andar, ainda idêntica a si mesma,
Debruçava-se então uma rapariga mais velha que eu, mais
lembradamente de azul.

Hoje, se calhar, está o quê?
Podemos imaginar tudo do que nada sabemos.
Estou parado física e moralmente: não quero imaginar nada...

Houve um dia em que subi esta rua pensando alegremente no futuro,
Pois Deus dá licença que o que não existe seja fortemente iluminado,
Hoje, descendo esta rua, nem no passado penso alegremente.
Quando muito, nem penso...
Tenho a impressão que as duas figuras se cruzaram na rua, nem então nem agora,
Mas aqui mesmo, sem tempo a perturbar o cruzamento.

Olhamos indiferentemente um para o outro.
E eu o antigo lá subi a rua imaginando um futuro girassol,
E eu o moderno lá desci a rua não imaginando nada.

Talvez isso realmente se desse...
Verdadeiramente se desse...
Sim, carnalmente se desse...

Sim, talvez...