terça-feira, 28 de abril de 2015

CANSADO E SEM ASSUNTO

Ao mesmo tempo que há uma gama quase infinita de temas para serem tratados, hoje eu quero tratar de todos e, portanto, de nenhum. Interessante mesmo é que quero escrever, ainda que a esmo, porém levando sentido nas linhas e entre elas aos meus leitores.
 
Essa coisa de feriado prolongado, que eu não costumo aproveitar com frequência para o lazer, quando o faço me deixa cansado. Viajei para uma cidade a menos de 200 km do Rio de Janeiro. Pertinho não é? sim, mas e daí se você toma sustos o tempo todo com motoristas mal educados, com estradas em obras, com o preço dos pedágios, com motocicletas passando entre dois carros, com carros lentos na esquerda e velozes na direita?
 
Ora, mas que isso Joaquim, você é ranzinza demais. Pouco mais de duas horas de viagem para estar num local tranquilo a beira mar, numa praia quase inexplorada. Isso mesmo. Show de bola! Nem pensei muito no mar e na natureza, apenas um cantinho qualquer para avançar na conclusão do meu próximo livro.
 
Eu não sei o que aconteceu, mas parece que algumas centenas de pessoas resolveram ir para o mesmo cantinho inexplorado que eu fui. Então abandonei o plano inicial de escrever e resolvi discretamente aproveitar a "bagunça".
 
Pensei, vou fazer o que mais gosto: curtir o mar, pegar ondas. Mar aberto, de cara para o oceano! Só estranhei uma coisa, ninguém entrava na água, no máximo alguns molhavam as pernas na beiradinha.
 
E eu com isso? Fui pro mar. Simplesmente ondas de até 2,5 metros, forte correnteza e o retorno das ondas puxando muito. Ah, e para não ficar a mercê dessa situação era necessário ir mais e mais distante. Legal!
Nem surfista eu vi no mar. Mas, o tédio foi embora, pois a adrenalina subiu muito. Que isso! Não sou atleta, sou sedentário e de repente percebi que estava cansado e ficando com o fôlego exaurido. Encarar aquele mar foi adorável, sair dele foi terrível. Tive que pegar três "jacarés" em sequência no momento certo e dar muitas braçadas.
 
Desde ontem estou todo moído. O corpo dói, cada músculo dói. E o meu cérebro também parece afetado. Estou com uma certa fadiga cerebral. Mas, mesmo com tanto tema interessante para explorar, a preguiça mental me pegou de jeito.
 
Depois de 73 textos publicados, não estou sem assunto. Hoje, estou sem assunto. Talvez amanhã, também. Mas, o blog continua, a vida continua e as energias vão ser carregadas, pois acabou o meu feriadão !!!

terça-feira, 21 de abril de 2015

POESIA PARA HOMENAGEAR TIRADENTES

Hoje, feriado nacional, conhecido como "dia de Tiradentes", pois neste mesmo dia em 1792 Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado pelas mãos do sangrento Reino de Portugal, pois com outros homens discutia e tentava organizar a separação de Minas do Reino.
 
Dentre os motivos que moviam os Inconfidentes um deles é velho conhecido dos brasileiros: altos impostos. Mas, na época os tais altos impostos iam diretamente para Portugal.
 
Hoje, os altos impostos não vão para a corrupção, mas para pagar juros aos banqueiros, ou seja, vão diretamente para outros bolsos como na época de Tiradentes.
 
Combater a corrupção é necessário, mas precisamos entender que o sangramento maior, quero dizer bem maior, está no fluxo destinado aos bancos brasileiros e estrangeiros. Uma situação muita parecida com aquela que fez Tiradentes lutar.
 
Em homenagem a Tiradentes, uma poesia em estilo de cordel.
 
 
Grande Mártir  - autora: Antonia Rodrigues (escritora, poetisa e cordelista)
 
Foi na fazenda Pombal  
O lugar que ele nasceu
Mas aos nove de idade
A mãezinha ele perdeu
Sentiu profunda tristeza
Partiu sua fortaleza
Contudo muito sofreu.

Com seu pai e seus irmãos                             
Partiram para morar                                      
Na vila de São José                                             
Mas teve que trabalhar
Quando seu pai faleceu                                
Certamente entristeceu
Seu padim quis lhe adotar.

Joaquim José é seu nome
Pra ter seu próprio dinheiro
Trabalhou em vários ramos
Comerciante e tropeiro
Dentro da mineração
Fez bastante exploração
Claro que o dia inteiro.
 

Na prática farmacêutica
Foi mais uma profissão
Daí então o apelido
Fazia com coração
Não deixou mais o ofício
Não fez nenhum sacrifício
Porque tinha devoção.
 
Foi ativista político
Era um grande sonhador
Foi bastante responsável
Só ele sentiu a dor
Condenado à morte
Os outros tiveram sorte
Foi único conspirador.

Foi numa manhã de sábado
Percorreu em procissão
Dia vinte e um de abril
Porque deu opinião
Dia macabro marcado
Pra um homem condenado
Narro com exatidão.

Veja como aconteceu
Foi triste a sua morte
Foi altamente humilhante
Mineiro de pouca sorte
E depois de enforcado
Ele foi esquartejado
Sua cabeça no poste.

Personalidade histórica
Um homem racional
Não casou, mas teve filhos
Este herói nacional
Deu exemplo de bravura
Sentiu gosto de amargura
Ele foi fenomenal.

Cidade de Tiradentes  
Uma justa homenagem                                               
Portanto renomeada                                                            
A um homem de coragem
No Brasil é feriado
Por ter sido injustiçado
Tornou-se então personagem.

sábado, 18 de abril de 2015

PASSEATA SOB NEVE: VALE TUDO

A noite de véspera da grande passeata marcada para a av.Paulista, fora marcada por um céu de negritude lúgubre, porém sem nuvens ameaçadoras. Apesar da luminosidade na maior cidade brasileira, a limpeza do céu permitia até que algum incauto esperançoso erguesse a cabeça, normalmente para tentar ver alguma estrela, tarefa geralmente impossível, mas que na véspera da grande passeata tornara-se milagrosamente viável. Sim, o paulistano podia ver algumas estrelas no céu.

Para muitos, que começaram a notar tamanha novidade, isso era um aviso de Deus. Uma mensagem cifrada de que o dia seguinte seria de fato um grande dia. Amanhã será o dia, diziam os mais entusiasmados. Alguns cautelosos pensavam, sei não a estrela é o símbolo do partido dela.
 
A madrugada foi fria e seca. Para a época do ano não havia nenhuma surpresa. Surpresa foi quando as pessoas começaram a acordar e olhar pelas janelas. Flocos brancos caíam do céu como confetes descoloridos.
 
O Coordenador geral do movimento pró-impeachment da Presidenta, convocou todo o grupo tático operacional da organização do evento.
 
Para a surpresa do Coordenador, ao olhar a cidade pela janela, viu que a quantidade de veículos parecia a mesma de um dia normal. É isso aí São Paulo, vamos mostrar que nem a neve nos para!
 
Quando a reunião começou o falatório era intenso. O Coordenador socou a mesa e falou: fiquem quietos, o Homem acabou de chegar. O silêncio foi imediato, pois a presença do Homem representava situação extraordinária, pois ele nunca aparecia.
 
- Senhores, bom dia. Antes de mais nada me poupem dos seus relatos, já tenho todas as informações de que preciso. Primeira informação: vai haver passeata. Não temos...ainda, fatos que possamos usar com segurança para o impeachment e para o expurgo do PT. Portanto, manter o povo na rua é crucial. Eis as ordens:
 
 - Coordenador, entre em contato com aquela emissora de TV parceira e peça para anunciarem que a passeata está mantida. Coloque um tom dramático e diz que o povo quando está em luta não se curva as intempéries da natureza.
 
- Anuncie que o número de mulheres que irão sem blusa com os seios a mostra quadruplicou. E que elas decidiram isso para mostrar que o frio e a neve são suportáveis.
 
- Senhor, com sua licença, é que nós não sabemos se vamos conseguir manter as mulheres confirmadas para fazer esse papel e o senhor quer quadruplicar? Não sei....
 
- Você já ouviu falar em dinheiro? Contrate e quadruplique. Vá em agências de modelos de nossos amigos e mande dizer que quem não for pode estar perdendo a oportunidade de ser reconhecida e se faltar mulher vá nos condomínios do Jardim Paulista que está cheio de quarentona querendo se exibir. E de graça.
 
- Senhor, com sua licença....
 
- Se vier com idiotice novamente, a tua condição de Coordenador pode ser revista. Pense bem. Ainda quer falar?
 
- Sim, pois temo pelo marketing negativo. Com toda essa quantidade de mulheres com os seios a mostra a -15 graus, os seus mamilos vão ficar enrijecidos o tempo todo e a mídia pode abordar a questão como uso sexual para atrair público.
 
- Coordenador, de que lado a mídia está? A notícia de que essa mulherada toda estará participando vai atrair os homens, mesmo aqueles que só vão para dar uma olhada. Mas, esse carinha será contado como manifestante. E, se houver vazios na passeata, a mídia vai explorar nas primeiras páginas, internet e TV a bravura da mulher brasileira. E, por favor, pare de me interromper com besteiras.
 
- Ouça, Coordenador, tenho informação de que a quantidade de automóveis enquiçando está 12 vezes maior que o normal. Dê um jeito para que o atendimento seja demorado. Vamos transformar o trânsito 3 quadras a direita e 3 quadras a esquerda da Paulista insuportáveis. A passeata está marcada para as 16 horas a concentração, mas comece a concentração às 15 horas. Crie atrativos, distribua chocolate quente, chá quente, coloque música e não se esqueça das mulheres.
 
- Agora podem ir. Vão trabalhar para garantir o sucesso. Secretária, ligue-me com o Skaf.
 
- Paulo? Como vai? Preciso de um favor.
- Diga Senhor.
- Ordene para todas as industrias trabalharem a 100% da sua capacidade produtiva hoje
- Sim....já sei onde o Senhor quer chegar
- E aquelas que filtram e esfriam os gazes expelidos, diga para hoje soltarem gazes quentes
- Vamos aquecer o céu
- E transformar a vida da Dilma num inferno
- Nada vai nos deter. Considere realizado
 
Moral da história: quando o surreal é imposto, a massa paga pelo espetáculo sem reclamar.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A RESPOSTA ESTÁ NA HISTÓRIA

Você é do tipo que reconhece que existem explorados e exploradores, tanto entre pessoas quanto entre países? Ou você é do tipo que cumpre as suas tarefas diárias e não pensa nesse assunto, ou seja, entende que você está numa situação de normalidade na sociedade? Ou, ainda, você reconhece que a sociedade é constituída de classes, que algumas pessoas têm o tino empreendedor e por isso merecem estar no topo da pirâmide enquanto algumas são despreparadas, outras são tecnicamente melhores e outras de nível superior são talhadas para defender interesses empresariais e o mercado, com toda a razão, equilibra a remuneração média de cada segmento desses?
 
Há outras formas de pensar a questão, grosso modo listei três das mais presentes. Quem lê meu blog sabe que apenas ilustrei o mesmo assunto sob diversas formas. Já fiz isto várias vezes, pois o leitor se encontra em algum lugar ou próximo de algum lugar. O mais importante é que abre espaço para que as pessoas pensem no assunto e de minha parte cumpro com aquilo a que me proponho, também, que é publicar a(s) minha(s) opinião(ões).
 
Penso que a maneira de entender o assunto, está intimamente ligada a forma como as pessoas veem a História ( com H maiúsculo, mesmo ) ou sequer a percebem.
 
Infelizmente, durante 21 anos de ditadura direitista, as ciências humanas foram decapitadas no Brasil. Lembro-me como se fora ontem, na escola onde fiz o antigo primário (1a a 4a série) que a criançada tinha que saber de cor a data da descoberta do Brasil, quem descobrira o Brasil, quem era o rei de Portugal na ocasião, quem tinha sido o líder da Inconfidência etc.
 
Depois, nos anos de ginásio, hoje ensino fundamental até o nono ano, as coisas não ficaram muito diferentes, além do que em Estudos Sociais a gente aprendia que os EUA eram o exemplo de liberdade e a segurança para a liberdade de vários outros países, inclusive o Brasil, contra a ameaça do "comunismo".
Os estudos de História e Geografia eram tratados como noticiários de tablóide. Fatos, datas e personagens. Ou seja, curiosidades do tipo como eram as roupas em tal época ou a astúcia diplomática do Barão do Rio Branco. Ponto. Pensar que é bom, nada. Ligação entre causa, desenrolar e consequência, nada.
 
O estudo da História e de Estudos Sociais era assim para quem tinha vaga em escolas, pois o país era detentor de uma taxa vexatória de analfabetismo. Melhor ainda, pois neste caso nem tinham como estudar História.....
 
Quando digo que a forma como se entende o que é História e como se vê a História é determinante para responder a pergunta que fiz no primeiro parágrafo, estou querendo que você me acompanhe no seguinte raciocínio:
 
a) você pode entender a história como um conjunto de acontecimentos curiosos e ter interesse num ou noutro acontecimento. Neste caso, seria conveniente se perguntar qual a validade prática da História e
 
b) você pode entender a História, sua sequência de acontecimentos, não necessariamente lineares, como sendo consequência direta da Economia (e vice-versa). Neste caso, vemos sentido na existência da História como ciência, pois ela tem metodologia e se liga umbilicalmente a Economia.
 
O passo seguinte é compreender como funciona a Economia desde as sociedades mais primitivas, porém organizadas, até os dias atuais.
 
O caso da votação da MP da terceirização no Brasil é o exemplo mais atual que temos da ligação entre História e Economia. Os empresários estão contentes e uma parcela significativa de trabalhadores perderá direitos se a MP chegar a sua finalidade.
 
No caso acima, há a exploração do homem pelo homem. Há exploradores e explorados. É um caso concreto e contemporâneo e serve para ilustrar o nosso papo.
 
Entender a História do ponto de vista econômico e vice-versa, não se esgota num texto de 40 ou 50 linhas. Minha tarefa foi tentar estimular a curiosidade. Tentar mostrar que a história que muitos estudaram e estudam, serve apenas para se conhecer curiosidades de épocas. Por isso, vou me atrever a sugerir um livro que clareia a História sob outra perspectiva: História da Riqueza do Homem de autoria de Leo Huberman e atualmente publicado pela editora LTC.
 
O texto é amigável, sem complicações acadêmicas. O autor se esmerou em escrever um livro para leigos. A leitura flui e você não se cansa. Pense nisso e se depois quiser fazer comentários ou mesmo trocar ideias, o blog e meu email estão às ordens.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

BRASIL, CONJUNTURA POLÍTICA

A conjuntura política brasileira é uma das mais complexas dos últimos tempos. Pior ainda, que a análise conjuntural é prejudicada pelo fato das principais legendas partidárias não serem formatadas de acordo com princípios políticos e ideológicos. Figurativamente são balsas compartimentadas por interesses quase sempre fisiológicos e/ou setoriais, sendo este último muito ligado a atuação de lobistas e contribuições milionárias de empresas para formação de bancadas.
 
Atualmente, o tambor de ressonância de todo esse imbróglio é o Congresso Nacional, com especial papel para a Câmara presidida pelo deputado Eduardo Cunha.
 
Quem pensa que não existe mais ideologia está muito enganado. O motor da Câmara, hoje, é mais ideológico do que já foi nas últimas duas décadas, portanto nas últimas 5 legislaturas. A prova mais recente é a aprovação em plenário da PL 4330, que abrirá espaço para a terceirização em praticamente todos os setores da economia produtiva.
 
Favorecidos: empresários. Desfavorecidos: trabalhadores.
 
Os empresários reduzirão custos trabalhistas e as condições de trabalho irão piorar mais ainda. Os trabalhadores terão salários menores, cargas de trabalho maiores e, portanto ficarão mais vulneráveis ao estresse e a doenças do trabalho, que muitas vezes desencadeiam outras doenças.
 
Uma análise detalhada de quem votou a favor da PL 4330, mostra que todo o PSDB votou a favor e a grande maioria do PMDB votou a favor também. Mas, o PSDB não é oposição e o PMDB situação? Esqueçam. Ideológicos e fisiológicos vêm a oportunidade de destroçar o governo federal, mesmo que isso custe 4 anos de retrocessos no campo social e trabalhista.
 
Tudo se mostra favorável para os grupos que querem mudanças liberalizantes e conservadoras. Aécio Neves não é o presidente da república, mas Dilma é refém de um Congresso disposto a avançar com medidas entreguistas, vide as discussões lideradas por José Serra (PSDB) sobre retirar a Petrobrás dos consórcios futuros que irão explorar os blocos do pré-sal ainda não leiloados. Outro exemplo é a redução da maior idade penal, que encontra eco favorável no PSDB e no PMDB, além do DEM e de outros partidos.
 
O PT está em crise existencial. O partido outrora moralista vê alguns membros envolvidos com corrupção, ao mesmo tempo teme que Joaquim Levy exagere na dose da arrumação fiscal e dificulta o próprio trabalho do seu governo na câmara e não tem força para barrar a marcha conservadora.
 
A crise existencial do PT é fruto de erros do próprio PT, que durante 12 anos dormiu com o inimigo em nome da governabilidade. Ótimo, porém só quando a avaliação do governo é boa junto a população essa suruba funciona. Neste momento Dilma não goza de tal aprovação e é aí que o PMDB cresce e de passivo passa a ativo, tentando comandar o show; e com  o PSDB agem com olhos em 2018.
 
Deixar o terreno preparado asfixiando o governo e com apoio da grande mídia insuflando a classe média a já fazer campanha contra uma nova reeleição do PT.
 
A resposta de Dilma parece que está em tentar dividir o PMDB. É possível que com a bancada do PT, meia bancada do PMDB, PP, PDT, PSB, PCdoB e outros ela ganhe fôlego dentro do legislativo e com isso tempo para passar por mais 1 ano de insatisfação contra a política econômica.
 
Pela felicidade que o presidente da FIESP demonstrou com a votação favorável da PL 4330, será muito difícil rachar a principal bancada, hoje, no Congresso: a bancada conservadora e neoliberal.

domingo, 5 de abril de 2015

POESIA: DOMINGO DE PÁSCOA

Escrevi a poesia Domingo de Páscoa em 2003. Tornei-a pública no meu livro Sensações Despertadas de 2013, página 41.
 
Hoje, compartilho com todos os meus votos de uma excelente, fraterna e positiva Páscoa para todos, através da minha poesia.
 
Vamos pensar com energia, todos nós, principalmente nas pessoas; as pessoas a frente de tudo. O poder pelo poder, o dinheiro pelo dinheiro, a violência pela violência, precisam dar lugar ao amor. E é para ontem.
 
Hoje, pensemos e unamos as nossas vibrações energéticas, mas a ação, agir de verdade, o povo assumir o seu destino é a única solução para a pré-história que vivemos.

Domingo de Páscoa  -  (2003)  -  Joaquim Barros

Atmosfera de domingo,
Cheiro de maçã no ar,
Temperos sobre a pia,
Sensação de coisa boa.

Amigos na mente,
Gente que se foi,
Ressurreição, pois
Alguns presentes.

É domingo de Páscoa,
Abraços em muita gente.

Lembranças dormentes,
Coisas de domingo,
Coisas de Páscoa,
Coisas da gente.

 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

BRASIL, ESTADO ENCARCERADOR

Ontem, dia primeiro de abril, deparei-me com informações verdadeiras e da maior relevância sobre a violência no Brasil. Elas estão na coluna da Flávia Oliveira, página 27 do jornal O Globo.
 
Eu já havia me dedicado ao tema da maior idade penal no dia 2 de fevereiro de 2015, cujo link é  A ERA DOS REGULAMENTO: MAIOR IDADE PENAL
 
A Flávia Oliveira não se limitou a questão dos menores, mas deu uma abrangência maior e me inspirou a fazer coro e acrescentar algumas pitadas e pitacos sobre o tema da violência.
 
O artigo primeiro da Constituição Federal, que é o artigo que "funda" o Brasil pós-ditadura, apoia-se em cinco pilares. São eles: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
 
Vou me ater a dois dos pilares: a cidadania e a dignidade da pessoa humana. São os dois pilares mais expressivos para tratar do tema violência e do Estado de vocação encarceradora.

Dando sequência ao projeto das UPP, o governador Pezão já autorizou a implantação de torres blindadas no complexo do Alemão. Nas palavras da Flávia Oliveira isso "aproxima o conjunto de favelas mais do sistema carcerário, menos da vida comunitária". Eu diria de forma resumida, que transforma a vida comunitária num presídio a céu aberto. Tipo assim, vocês são livres para ir e vir, mas estamos olhando a comunidade toda do alto. Portanto, tomem cuidado.

Atitude que afeta um dos pilares da fundação do Brasil de 1988: a dignidade humana. Por sinal, já muito afetada, quando nos deparamos com a terceira maior população encarcerada do planeta com 750 mil pessoas em tal condição. Só perdemos para o EUA e para a China.
Uma afronta ao pilar cidadania da Constituição Federal é o absurdo número de 60 mil homicídios por ano. Nenhuma guerra no mundo, apesar tantas, chega a tais números na atualidade. E, segundo a Flávia Oliveira, mais da metade tem até 24 anos!

Cadê o Estado e seus três poderes? Onde estão que não os vemos? Que país pode pensar em prosperidade se permite que seus jovens morram como frutas podres caídas do "pé"? Cadê a escola pública de qualidade? Um bom serviço social espalhado país a fora? Acompanhamento das famílias desintegradas? Creches? Incentivo acompanhado da prática esportiva?

Alguns poderão se perguntar sobre dinheiro para custear e investir. Lá vai a resposta: o Brasil gasta 258 bilhões de reais por ano com penitenciárias, polícia, compra de armamentos etc. Em outras palavras, gastamos de forma errada. Gastamos para prender e matar.

A última pérola neste campo obscuro vem do CCJ, que resolveu levar adiante o trânsito da PEC da Maioridade Penal. Lastimável. Sei que muita gente é favorável a aprovação da tal PEC. Vou me permitir perguntar a todos: Por que mudar a lei, se nem testamos a anterior, que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente?

É isso mesmo, nem experimentamos. Um jovem pode ficar até 9 anos internado. Quantas casas de internação para jovens cumpre o papel de trata-los com profissionais capacitados. Professores, psicólogos, médicos, dentistas, assistentes sociais? Quantas? Citem-me 4 em todo o Brasil e olhe lá. Tais instituições estão abarrotadas e não passam de casas encarceradoras, superlotadas. Locais onde as experiências criminosas são trocadas. Locais onde o jovem não encontra amor, somente raiva.

Como bem diz a Flávia Oliveira, se a maldita PEC passar, igualará o jovem ao adulto e ambos serão encarcerados juntos. Formaremos mais criminosos.