quinta-feira, 9 de abril de 2015

BRASIL, CONJUNTURA POLÍTICA

A conjuntura política brasileira é uma das mais complexas dos últimos tempos. Pior ainda, que a análise conjuntural é prejudicada pelo fato das principais legendas partidárias não serem formatadas de acordo com princípios políticos e ideológicos. Figurativamente são balsas compartimentadas por interesses quase sempre fisiológicos e/ou setoriais, sendo este último muito ligado a atuação de lobistas e contribuições milionárias de empresas para formação de bancadas.
 
Atualmente, o tambor de ressonância de todo esse imbróglio é o Congresso Nacional, com especial papel para a Câmara presidida pelo deputado Eduardo Cunha.
 
Quem pensa que não existe mais ideologia está muito enganado. O motor da Câmara, hoje, é mais ideológico do que já foi nas últimas duas décadas, portanto nas últimas 5 legislaturas. A prova mais recente é a aprovação em plenário da PL 4330, que abrirá espaço para a terceirização em praticamente todos os setores da economia produtiva.
 
Favorecidos: empresários. Desfavorecidos: trabalhadores.
 
Os empresários reduzirão custos trabalhistas e as condições de trabalho irão piorar mais ainda. Os trabalhadores terão salários menores, cargas de trabalho maiores e, portanto ficarão mais vulneráveis ao estresse e a doenças do trabalho, que muitas vezes desencadeiam outras doenças.
 
Uma análise detalhada de quem votou a favor da PL 4330, mostra que todo o PSDB votou a favor e a grande maioria do PMDB votou a favor também. Mas, o PSDB não é oposição e o PMDB situação? Esqueçam. Ideológicos e fisiológicos vêm a oportunidade de destroçar o governo federal, mesmo que isso custe 4 anos de retrocessos no campo social e trabalhista.
 
Tudo se mostra favorável para os grupos que querem mudanças liberalizantes e conservadoras. Aécio Neves não é o presidente da república, mas Dilma é refém de um Congresso disposto a avançar com medidas entreguistas, vide as discussões lideradas por José Serra (PSDB) sobre retirar a Petrobrás dos consórcios futuros que irão explorar os blocos do pré-sal ainda não leiloados. Outro exemplo é a redução da maior idade penal, que encontra eco favorável no PSDB e no PMDB, além do DEM e de outros partidos.
 
O PT está em crise existencial. O partido outrora moralista vê alguns membros envolvidos com corrupção, ao mesmo tempo teme que Joaquim Levy exagere na dose da arrumação fiscal e dificulta o próprio trabalho do seu governo na câmara e não tem força para barrar a marcha conservadora.
 
A crise existencial do PT é fruto de erros do próprio PT, que durante 12 anos dormiu com o inimigo em nome da governabilidade. Ótimo, porém só quando a avaliação do governo é boa junto a população essa suruba funciona. Neste momento Dilma não goza de tal aprovação e é aí que o PMDB cresce e de passivo passa a ativo, tentando comandar o show; e com  o PSDB agem com olhos em 2018.
 
Deixar o terreno preparado asfixiando o governo e com apoio da grande mídia insuflando a classe média a já fazer campanha contra uma nova reeleição do PT.
 
A resposta de Dilma parece que está em tentar dividir o PMDB. É possível que com a bancada do PT, meia bancada do PMDB, PP, PDT, PSB, PCdoB e outros ela ganhe fôlego dentro do legislativo e com isso tempo para passar por mais 1 ano de insatisfação contra a política econômica.
 
Pela felicidade que o presidente da FIESP demonstrou com a votação favorável da PL 4330, será muito difícil rachar a principal bancada, hoje, no Congresso: a bancada conservadora e neoliberal.

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