quarta-feira, 5 de novembro de 2014

MINAS GERAIS E SUA IDENTIDADE SECIONADA

Segundo dados do IBGE de 2010, Minas Gerais tem uma população de 19 milhões e 600 mil habitantes. Geralmente, em Estados do porte de Minas Gerais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e outros, a capital do Estado concentra uma parte significativa da população. Em geral, não menos do que 30% da população.
 
Minas é, dentre os grandes Estados, uma exceção a tal regra. Belo Horizonte, segundo os mesmos dados do IBGE não tem mais do que 12% da população do Estado. A maior parte da população espalha-se por várias cidades de porte médio, que estão distribuídas ao longo de todo o vasto território mineiro. Montes Claros, Sete Lagoas, Juiz de Fora, Governador Valadares, Uberlândia e Uberaba são apenas alguns exemplos.
 
E a região metropolitana de BH? sim, existe uma região metropolitana, mas tirando Contagem e Betim, nenhuma outra cidade tem população expressiva. Pode-se até considerar Ibirité, mas forçando um pouco a barra.
 
E qual a relação de tudo isso com a vitória da Dilma sobre Aécio no segundo turno das eleições presidenciais, justamente no Estado onde Aécio governou por 8 anos e foi eleito senador?
 
Ah ! o governo dele foi ruim, privilegiou apenas as classes médias e altas, pagou um piso, aliás, um subpiso aos professores, etc. Nada disso. Alckmin não fez um governo espetacular em São Paulo para ser eleito no primeiro turno. Muito pelo contrário. Sérgio Cabral foi praticamente alijado da política, mas fez o seu sucessor no Rio de Janeiro, com um governo cheio de controvérsias e obscuridades.
 
O que quero dizer, é que o resultado das eleições em Minas se tiveram alguma relação com o governo estadual de Aécio, foi muito pequena. De certa forma, caberá uma análise em outra ocasião, pois vejo que o eleitor anda separando seu voto local, do seu voto nacional.
 
Como disse, Minas é um território muito grande, com população grande e dispersa. Então, não existe uniformidade. Minas é um Estado com vários "Estados menores" no seu território.
Assim sendo, a relação das regiões mineiras com seus vizinhos influiu e já influenciou outras vezes, na decisão de voto nacional do eleitor mineiro. Prova disso é que em 1989 Brizola venceu as eleições no primeiro turno na região fronteiriça com o Estado do Rio de Janeiro, tendo em Juiz de Fora a sua principal cidade, atualmente com 516 mil habitantes.
 
Agora, em 2014, observem a leitura que se pode fazer do mapa da votação em Minas gerais no segundo turno das eleições presidenciais:
 
a) a região metropolitana, mais centralizada ao sul, deu vitória para o Aécio, que além de vencer em BH, também foi vitorioso em Vespasiano, Santa Luzia, Sabará, Nova Lima e Contagem; enquanto a Dilma venceu em Ribeirão das Neves, Ibirité e Betim;
 
b) fiz questão de salientar que a região metropolitana é centralizada ao sul, pois o sul do Estado deu vitória para o Aécio. E o sul do Estado faz fronteira com São Paulo. A troca de influência é muito grande e a região, como quase sempre faz, seguiu São Paulo;
 
c) a tal troca de influência também ocorre nas demais regiões de Minas Gerais, de forma que o sudeste mineiro, especialmente a zona da mata, capitaneada por Juiz de Fora, acompanhou o Rio de Janeiro e deu vitória para a Dilma;
 
d) o mesmo fenômeno ocorre no norte e nordeste de Minas, onde a semelhança com o interior da Bahia é muito grande. Assim como a Bahia, tal região de Minas deu vitória para a Dilma;
 
e) e o lado leste do Estado de Minas Gerais, mais próximo de Goiás, apresentou um resultado parecido com a maior cidade goiana desse encontro de fronteiras, que é Catalão, que assim como o  lado leste mineiro deu a vitória para a Dilma.
 
Não apresento este artigo como uma verdade. Mas, como uma constatação baseada no estudo do mapa mineiro e na distribuição dos votos para cada candidato. Mas, uma coisa eu posso afirmar, como bem mostra a foto abaixo, há várias "Minas" dentro de Minas Gerais.
 

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