quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O NORTE E A POLÍTICA LOCAL

A população da região norte do Brasil representa 8% da população total do Brasil. Além de representar uma parcela pequena da população total, ela se concentra em algumas poucas cidades, ficando uma pequena parcela dispersa em pequenas cidades e vilarejos distribuídos ao longo da maior região brasileira.
 
No caso de buscarmos uma compreensão do porque o norte deu a presidenta Dilma a vitória local no segundo turno das eleições presidenciais, é importante compreender a relação de forças nos principais centros aglutinadores de população, pois a população dispersa não tem quantitativo suficiente para interferir no pleito.
 
Vamos ver como foi a votação em algumas das principais cidades aglutinadoras:
=> no Acre, Aécio venceu com 63,68%, pois venceu nas duas cidades de maior população, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Tião Viana do PT foi eleito governador numa disputa acirrada contra Márcio Bitar do PSDB, que herdou os votos do candidato do DEM. Embora tenha vencido com 51,29% dos votos, a sua candidatura não decolou no 2o turno, ocasião em que teve apenas 1,5% de votos a mais do que teve no primeiro turno. A união do PSDB com o DEM foi fundamental para a vitória do Aécio;
 
=> no Amazonas, Dilma teve pouco mais de 65% dos votos com vitória em todos os municípios. Como isso aconteceu? Provavelmente por que Dilma teve dois palanques no 2o turno das eleições para governador, ficando Aécio com espaço limitado;
 
=> no Amapá, Dilma também venceu em todos os municípios e obteve 61,45% dos votos. Macapá concentra mais da metade dos votos do Estado, local onde Dilma obteve 58,41% dos votos. Assim como no Amazonas, Aécio teve dificuldades para conseguir um palanque na disputa para governador no segundo turno;
 
=> no Pará, Dilma venceu com 57,41% dos votos, mas perdeu em Belém, única cidade com mais de 1 milhão de eleitores, onde Aécio teve cerca de 52% dos votos. Entretanto, no para há pelo menos 10 cidades com mais de 100 mil eleitores e Dilma foi vitoriosa em praticamente todas, exceto Santarém. No Pará, cada candidato teve um palanque no segundo turno para governador, inclusive com vitória do candidato do PSDB.
 
=> em Rondônia, Aécio foi vencedor com 54,85% dos votos. A eleição foi decidida na capital, Porto Velho, que com mais de 300 mil eleitores deu vitória para Aécio. Mais uma vez, a política local foi fundamental, pois a disputa para governador no segundo turno foi acirrada e Aécio e Dilma tiveram um palanque cada.
 
=> em Roraima, Aécio foi vencedor com 58,90% dos votos. Dilma venceu na maioria dos municípios, mas todos com quantidade irrelevante de eleitores. Apenas Boa Vista possui um colégio eleitoral significativo com cerca de 190 mil eleitores, onde Aécio venceu com 65,61% dos votos. Em Roraima também teve eleição para governador no segundo turno e quem teve dificuldade para ter um palanque foi a Dilma.
Como se vê, numa análise numérica somada as alianças que cada candidato a presidência costurou para o 2o turno, permite-nos, em primeira instância, inferir que a política local deu o tom e definiu o resultado das eleições para presidente.
 
Obviamente, que não se trata apenas disso, mas esses fatores foram importantes e devem ser considerados em qualquer análise.

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