Hoje, dia da consciência negra, é inequivocamente justo que rendamos homenagens a mão de obra que mais produziu riquezas no Brasil: os negros escravos. Penso, entretanto, que prestar homenagem é manter viva na memória de todo o país o calvário vivido pelos africanos e seus descendentes até os dias de hoje.
Então, a exaltação tem que vir sob forma de protesto, pois a casa grande e a senzala continuam existindo.
Uma poesia do mestre Carlos Drummond de Andrade, que se aplica a qualquer época da nossa história.
Negra
A negra para tudo
a negra para todos
a negra para capinar plantar regar
correr carregar empilhar no paiol ensacar
lavar passar remendar costurar cozinhar rachar lenha
limpar a bunda dos nhozinhos
trepar.
A negra para tudo
nada que não seja tudo tudo tudo
até o minuto de
(único trabalho para seu proveito exclusivo)
morrer.
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