quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A ERA DOS REGULAMENTOS: ECONOMIA

Apesar de todo desenvolvimento científico, tecnológico e do saber humano, vivemos contraditoriamente numa sociedade de muito pouca liberdade para a expressão e para a inovação no campo da economia, da política, da sociedade e do indivíduo.
 
Digo que é contraditório, pois quanto maior o saber, mais livres seriam, ao menos hipoteticamente, as criações para solução de problemas, pois maiores tendem a ser a gama de opções e interações alimentadas pelo próprio acúmulo e crescimento do saber.
 
O que ocorre é justamente o oposto. Peguemos o caso da economia. Da economia do Brasil ou de qualquer parte do mundo globalizado sob os preceitos ocidentais - note-se, que com tal ressalva, estou excluindo os países que resistem a tais preceitos. Por exemplo, Cuba.
 
A grande maioria, entretanto, joga o jogo. Eis um problema sério, pois jogos têm regras ou regulamentos. Então, se o seu país faz parte da chamada "economia globalizada sob os preceitos ocidentais", a cartilha de regulamentos é igual para todos.
 
Não importa a cor da bandeira, quem é o presidente, quem é o primeiro-ministro, que partido possui maioria, quem faz oposição. A questão é muito simples, siga a cartilha e jogue o jogo.
Caso um país se arrisque a criar soluções inovadoras no campo da economia, será penalizado. Naturalmente penalizado, pois é meio que um "beco sem saída". Dessa forma, o capital acumulado, as grandes fortunas e os países ricos se protegem. Determinar as regras globais para as economias é muito mais barato do que fazer guerras, tomar territórios, colonizar fisicamente. Nada disso, a coisa é um espectro e como tal é invisível ao olhar dos mortais e geralmente aceito como "normal".
 
O mundo precisa de "malucos", pessoas que arrisquem a sair do quadrado. Quem disse que a inflação, em qualquer parte do mundo precisa ser combatida com política monetarista? Isso é ótimo para os credores soberanos. Isso é ótimo para adoecer a economia de um país, pois ele partirá para outro regulamento, que é poupar para pagar mais e mais juros, pois o próprio país aumentou os juros. A sua capacidade de investimento despenca.
 
O país se torna refém dos credores e da iniciativa privada. Os primeiros se não receberem tempestivamente fecham as torneiras, as agências de rating consideram o país especulativo. A iniciativa privada exige condições muito favoráveis para investir, pois o Estado estará gastando tudo com juros. Então o Estado se torna refém das exigências da iniciativa privada.
 
Como consequência, o Estado, para ter alguma sobra e "auxiliar" a política monetarista, normalmente, seguindo o regulamento, opta por fazer cortes. Cai a renda do trabalhador, cai a oferta de trabalho, surgem os famosos programas de demissão "voluntária" e vai por aí.
 
Poderia dar dezenas de outros exemplos. Para o que eu quero, basta ficarmos por aqui, pois quero apenas mostrar que em várias áreas, hoje destaquei a economia, há uma crescente separação entre o que é "certo" fazer e o que seria "errado". Entre o normal e o anormal ou irresponsável.
 
Quase todos os meus leitores são brasileiros. O exemplo caiu como uma luva no Brasil, não é mesmo? Mas, o título do texto é "Era dos regulamentos: economia", eu poderia, então, estar com Portugal, ou Grécia, ou Rússia, ou Espanha, ou..., ou..., ou... na minha mente.

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