segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

IMPORTANTES E DESIMPORTANTES

Na minha consciência, não tão "saudável" como exige o sistema, proponho-me sempre a enxergar e ver e não ser enformado numa forma de "normalidade". No antigo livro Viagem a Ixtlan de Carlos Castañeda, um "brujo" (espécie de xamã) chamado Don Juan Matus, indígena mexicano, passa todo o livro dando lições espetaculares para um pesquisador antropólogo/sociólogo.
 
Li esse livro faz muito tempo, mas nunca saiu da minha cabeça um ensinamento do Don Juan, que pode ser resumido em "o que você enxerga não é o que você vê". E ele faz essa declaração para o pesquisador, dizendo-lhe que por mais estudo que ele tenha, ele não sabe ver.
 
A trama se desenvolve entre os dois e o "brujo" aos poucos vai desconstruindo a soberba do pesquisador, que com o intuito de estudar o uso do peiote por indígenas mexicanos, se depara com Don Juan que lhe impõe lições sucessivas sobre a vida.
 
Todas as lições do Don Juan, completam um conjunto que se resume em não se sentir importante pessoalmente. Perder a importância que a própria pessoa se atribui.
 
Na sociedade em que vivemos, uma sociedade de classes distanciadas e na qual a soberba e a importância que uns dão aos outros está ligada a cargos que ocupam e a posses matérias, onde pessoas supérfluas e patéticas competem entre si em coisas como bairro onde mora, tamanho do seu imóvel, peças de artes que possui, quantos e quais automóveis, como se saiu na Bolsa de Valores e dezenas de coisas entranhadas entre ricos, entre "emergentes" e nas classes médias com maior poder de consumo que sonham subir de patamar social.
 
Don Juan ao falar da "desimportância" da pessoa, indica o caminho da humildade e da sabedoria. O consumismo possui um caráter oposto onde a busca do status e a exibição material têm valor.
 
A arrogância social, cujo último exemplo de ampla divulgação, foi o caso do juizinho que teve postura de rei perante uma súdita que quis aplicar a lei. Ah, mas os reis têm poder divino, então as leis não se aplicam a eles.
 
Atendentes de lojas, taxistas, garçons e outros tantos que estão aí para servir, não é mesmo? estão sendo cada vez mais destratados, oprimidos e humilhados por pessoas de "nariz em pé".
 
Há um consenso de que o maior problema do Brasil é a educação. Mas, não creio que seja apenas a educação escolar. No caso das elites, parece que é para ontem uma reeducação de caráter e de comportamento. 

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