domingo, 14 de dezembro de 2014

DIREITOS HUMANOS: FIGURAÇÃO HISTÓRICA

No último dia 10, fez 46 anos que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada em reunião histórica da ONU.
 
Digo que foi histórica não para dar ênfase no feito em si, embora o conteúdo do documento realmente, em quase sua integridade, apresente-se como humanista. O feito foi histórico pois foi parte da chamada "Guerra Fria", como quase tudo que ocorreu no mundo depois da segunda guerra mundial até a dissolução da URSS e o período russo sob o governo de Boris Iéltisin.
 
O Tio Sam, sempre ardiloso, agiu na Guerra Fria não só com armas e invasões a territórios alheios, mas agiu muito na área da propaganda e da disseminação de teorias como a da segurança nacional, fruto do imaginário criado de que o "comunismo" assombrava de forma concreta a suposta tesa da liberdade.
 
Criado o pânico nos "parceiros", conscientizando-os do perigo, era adequado insistir na mesma tecla sob várias formas para que o "obvio não fosse esquecido" e o EUA não necessitassem gastar tanto dinheiro com guerras.
 
Um bom exemplo é o que aconteceu na América do Sul. Militares locais muito bem doutrinados pela teoria da segurança nacional, dariam conta de endurecer o jogo para os crescentes movimentos que buscavam justamente a libertação e a justiça social em países como Argentina, Brasil e Chile, dentre outros. Bastou aos EE.UU. espalharem diplomatas, agentes da CIA e empresas de capital norte-americano para criarem ambientes propícios e auxiliarem os novos governos golpistas e amigáveis que foram surgindo com apoio de boa parcela da chamada classe média conservadora, termo incorreto, mas que permite um bom entendimento do que quero destacar. 
 
Consolidada a ideia, principalmente no ocidente, de que comunismo e liberdade são antagônicos, a promoção para a aprovação e disseminação da Declaração dos Direitos Humanos, foi naturalmente capturada para uso contra o bloco socialista, ficando a nova máxima propagandeada pelo EUA como a de que os países socialistas desrespeitavam os Direitos Humanos.
 
Essa tática, fez reforçar o apoio aos EE.UU. em todo o mundo ocidental e aliados da Ásia, como o Japão, que além de formal e soberano, também social  junto aos setores intermediários de tais países, sob a "bandeira" de que a luta travava-se pela liberdade e pelos direitos humanos. Há neste aspecto, os elementos essenciais que irão nortear a política externa norte-americana até os dias atuais, quando a guerra utilizada é a chamada contra o "terror". Lembrem-se, de que embora o EUA não tenha encontrado arma química no Iraque, justificou sua invasão para "libertar o povo do Iraquiano".  Pretexto subjetivo e altamente perigoso para a segurança de qualquer país, povo ou nação.
É claro que as contradições ocorreram aos montes e continuam a ocorrer até os dias atuais. Prova de que os motivos dos empenhos norte-americanos têm face visível e face oculta. Normalmente a visível está traduzida nos filmes hollywoodianos que mostram uma percepção de que o EUA representa sempre o "bem".
 
O bem que implantou ditaduras mundo afora, inclusive a brasileira de 1964 a 1985. É bom lembrar, que durante grande parte da ditadura brasileira houve cassação de direitos políticos e a prática imperdoável da tortura. Disse imperdoável, pois sou a favor da revogação da Lei da Anistia. Torturadores, mandantes, comandantes, que ainda estão vivos precisam ser julgados. O país precisa mostrar a si mesmo, que tem instituições capazes de conduzir, sem revanchismo, porém com rigor, este tema que, não sei o motivo, assombra parte significativa da sociedade. Da grande mídia não esperaria algo diferente. Ela é contrária e em parte porquê foi complacente e alguns grupos de comunicação engordaram bastante durante a ditadura.
 
Todos os crimes de guerra que os EE.UU. vêm cometendo, como bombardeio a hospitais durante a guerra do Iraque e atualmente contra territórios da Síria, são chamados de "pequenos efeitos colaterais dentro de uma margem aceitável". Cinismo puro e que conta com o silêncio  e a omissão do mundo.
 
Agora, com o vazamento de documentos e imagens diversas sobre as práticas mais pavorosas de tortura durante o governo W. Busch e com a denúncia de que a CIA tinha uma "escola de preparação de torturadores", nada novo, pois o relatório brasileiro da Comissão da Verdade já denunciou tal prática que ocorria no Panamá, onde muitos de nossos torturadores foram ter aulinhas; veremos se o mundo, ou pelo menos uma parte dele, se utilizará da ocasião para desmoralizar os EE.UU., exigir que os direitos humanos sejam respeitados pelas polícias racistas de algumas de suas cidades e aproveitem o momento para baixarem o tom das intromissões que vêm do Império.
 
A luta contra o imperialismo, é a principal de todas. As demais lutas são derivadas.

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