quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

ECONOMIA BRASILEIRA, LDO E O NOVO GOVERNO

No dia 25 de novembro escrevi um texto chamado "O Quadrado Econômico" no qual fiz críticas ao modelo de governança da economia baseada no receituário ortodoxo.
 
Critiquei o esforço que o país faz, anualmente, para fazer poupança (superávit primário) para pagamento de juros da sua dívida, que o  próprio país faz crescer com sucessivos aumentos da taxa de juros. É como se o país dissesse aos bancos, "olha, nós pagamos pouco a vocês, então vamos aumentar paulatinamente a taxa de juros".
 
Alguém haverá de lembrar, que o Malan e o FHC chegaram a casa dos 40% a.a.. Sim é verdade, mas tal constatação não serve para minimizar as críticas a uma possível volta da ortodoxia com o Sr. Joaquim Levy, pois o governo FHC foi um governo afinado com o consenso de Washington, neoliberal por excelência, proclamador do Estado mínimo e vendilhão da pátria.
 
Na noite de ontem, o Congresso corrompido para o bem, praticamente liquidou a questão da LDO, abrindo espaço para o governo fechar o ano com um superávit fiscal inferior ao que determinava a meta.
 
A oposição e a grande imprensa apelidam a situação de contorcionismo contábil, quando a rigor, trata-se de abater investimentos do PAC e desonerações fiscais da conta. Isso não é contorcionismo, mas uma maneira diferente de tratar o mesmo tema.
 
Não sou a favor das desonerações fiscais para a indústria automobilística, mas o argumento de que a cadeia produtiva é grande e com isso o governo agiu mais para segurar empregos do que propriamente para aquecer a economia faz sentido.
 
Quanto a abater investimentos no PAC para depois fechar a conta do superávit primário, convenhamos que é uma maneira de priorizar investimentos em detrimento da poupança para os bancos.
Aprovadas as flexibilizações na LDO, encerra-se o período semiheterodoxo e desenvolvimentista da dupla Dilma e Mantega. Em poucas semanas entraremos numa ciranda de enxugamentos que irão além dos supérfluos, mas irão atingir a capacidade de investimento do Estado, que será mais afetada pela tendência das taxas de juros continuarem subindo elevando a necessidade de reservas orçamentárias para pagamento de dívidas.
 
E quem vai segurar o peso de 2015? Nós, o povo. A rigor, os bancos vão reduzir a oferta de crédito, pois a política monetarista levará a isso para combater a inflação e o governo tratará de empunhar a bandeira da reforma política, que se bem sucedida poderá salvar 2015 no aspecto político.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário pode entrar numa fila de análise para que evitemos comentários grosseiros, mal educados ou mesmo de máquinas em vez de pessoas. Conto com sua compreensão.