quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A ELITE BRANCA DO PARANÁ E DE SANTA CATARINA

Os Estados do Paraná e de Santa Catarina produziram vitórias esmagadoras da candidatura PSDB sobre a candidatura PT. Fato. E como interpretá-los? Ou o que se pode tirar, por exemplo, da vitória do candidato Aécio em Curitiba com 72,12% dos votos válidos?
 
No computo geral, Aécio teve 65,70% e 60,98% dos votos válidos, respectivamente em Santa Catarina e no Paraná.
 
No caso do Paraná, além da forte colonização europeia, especialmente alemães, poloneses, italianos, dentre outros, ocorreu um movimento forte de venda de escravos para São Paulo. Quando digo que a elite paranaense é branca, estou me referindo a uma consequência histórica, sem intuito discriminatório ou crítico. É evidente, que essa "colonização" branca europeia trás consigo a cultura europeia do século XIX. No caso da economia e dos valores sociais, eles estão muito relacionados a propriedade privada e a produção privada, dentre várias outras coisas, que não citarei para não perder o objetivo do texto.
 
Além disso, a proximidade com São Paulo leva para o Paraná a "idealização" do desenvolvimento industrial. Além da região metropolitana de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Paranaguá e algumas outras cidades, são polos industriais de grande importância. É considerável, também, o Paraná ser forte produtor agrícola e isso se dá através de grandes propriedades, ou seja, latifúndios. Agregado a eles, a região possui várias industrias de processamento de alimentos vegetais e abate de frangos e suínos, por exemplo. Importante realçar, que a presença do capital estrangeiro nas industrias do Paraná é bastante considerável. Atualmente, o Paraná tem até montadora de automóveis.
 
Santa Catarina tem uma história muito parecida no que se refere a presença predominante de imigrantes vindos da Europa, com destaque para alemães e ingleses. Nunca foi uma região com grande presença de escravos. Quando a população de Santa Catarina atingiu 200 mil habitantes no século XIX, o número de escravos não chegava a 10% dessa população. Da mesma forma que no Paraná escravos passaram a ser vendidos para outras províncias, principalmente depois da publicação da Lei do Ventre Livre. Por isso, é um Estado de raiz branca e cultura ocidental muito forte e já se envolveu em movimentos de separação do Brasil, mas não vamos tratar disso agora.
 
Todo esse forte "ocidentalismo" encontrado na formação cultural dos dois Estados, explica em grande parte as vitórias expressivas do candidato do PSDB, pois a ideia do Estado mínimo, da economia regulada pelo mercado e de uma política internacional alinhada ao EUA e aos países fortes da Europa, são valores ocidentais e que o desenvolvimentismo dependente que ocorre no Paraná e a força da tradição em Santa Catarina não abrem mão.
 
Finalmente, chamo a atenção de quem queira enriquecer esta análise, acrescentando elementos como "de que forma a força da tradição se propaga, mesmo sendo os interesses de classes diferentes?" para que levem em consideração que o próprio PT e outros partidos e organizações de esquerda não conseguiram derrotar representantes do conservadorismo local como o Sr. Álvaro Dias via eleições e muito menos conseguiu se estabelecer organicamente entre as classes mais humildes e desprovidas da presença do Estado. Há um enorme potencial para se trabalhar ideais progressistas nos dois Estados, pois a elite é branca, mas os assalariados de baixa renda, as população que tem abandonado o campo e os jovens sem perspectivas, também são brancos. Resultado: branco menos branco é igual a zero. Zero de importância para cor ou etnia, o que importa é a condição econômica e social, desde que a força da tradição seja vencida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário pode entrar numa fila de análise para que evitemos comentários grosseiros, mal educados ou mesmo de máquinas em vez de pessoas. Conto com sua compreensão.