sexta-feira, 20 de março de 2015

POESIA PARA COMEMORAÇÃO

Ontem, este blog atingiu a marca de 20.000 visualizações e 64 textos publicados em 5 meses e 10 dias. Não sei se 20 mil visualizações é muito ou pouco e nem me importa. O que me importa de fato é ver que ao dedicar algum tempo expondo opiniões, nem sempre conclusivas, pois muitas vezes tenho apenas a pretensão de provocar a reflexão em vez de apresentar um receituário "verdadeiro" para as coisas mundanas, pessoas demonstraram e demonstram interesse.
 
Há nos relatórios de controle do blog a informação de que 30% dos visitantes são reentrantes, ou seja, incluíram o blog jb-opinião entre os seus sites de visitas cotidianas ou eventuais, porém comparecem aqui para ver se tem coisa nova de tempos em tempos.
 
Não esperava chegar a tais números, pois geralmente trato de temas "chatos" como política, economia, história e sociedade. Além disso, sou apenas um palpiteiro com uma dose de pesquisa e leitura; meu nome não é conhecido. Eu não sou conhecido. Parece que essa "tal conectividade", juntamente com essa "tal interatividade" surtem efeito.
 
Como o próprio nome do blog sugere, o espaço é para minhas opiniões. E para as suas. O espaço para comentários está disponível. Penso que fazemos uma gota no oceano, mas acredito no poder da multiplicação das reflexões. Quem sabe até, algo daqui e dali transformem-se em ações. Vamos em frente!
 
A comemoração será ao estilo de uma das marcas do blog: poesia. Degustem-na sem moderação....e percebam como a autora trabalha a racionalidade pura, seus perigos e seu confronto com a fé. Achei que o conteúdo é bem adequado para o tipo de coisa que fazemos aqui no blog.
 
A Lucidez Perigosa  ( Clarice Lispector )

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

 Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

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