quarta-feira, 11 de março de 2015

NÃO HÁ ACIRRAMENTO DE LUTA DE CLASSES NO BRASIL

Ultimamente tenho lido e ouvido diversas opiniões sobre o atual momento no Brasil. Parece que todos têm. Apenas parece, pois a maioria está com os ouvidos fechados, só fala para defender seu ponto de vista e muitas cabeças estão trancadas. Há exceções. Nem sei exatamente se são exceções, pois não sei se os barulhentos aparentam ser numerosos apenas pelo barulho que fazem.
 
Quem diria que um dia a polarização PT x PSDB faria ambos se tornarem tão parecidos! O PSDB se escorava no antes "grandioso" DEM (antigo PFL do Antônio Carlos Magalhães) e o PT se escora no PMDB (partido do Renan Calheiros e do Eduardo Cunha).
 
Os métodos de amparo para governabilidade foram os mesmos. Enquanto FHC fez passar a PEC da reeleição a todo custo, o PT não deixou por menos e comprou apoio no Congresso em troca de financiamento de campanhas via caixa 2.
 
Há diferenças entre os dois partidos. O PSDB é neoliberal assumido e o PT é social democrata não assumido.
 
O atual momento no Brasil não é de crise institucional e muito menos de luta de classes. O povo real, aquele que labuta por um salário minguado, não está participando desse teatro. O que me leva a crer que basicamente o que está acontecendo pode ser resumido em dois pontos essenciais:
 
a) diante da queda de popularidade da presidenta Dilma, que enfrenta duas frentes adversas com a grande imprensa a bombardeá-la diariamente, sendo as duas frentes a economia e a corrupção na Petrobrás, vê todo o Congresso se rearrumando. Não há partidos, há bancadas. São os ruralistas, os sindicalistas, os evangélicos e por aí vai. Se o executivo se enfraquece, o Congresso se fortalece, pois o jogo é fisiológico e
 
b) o que parece ser um acirramento da luta de classes, não passa de uma exagerada voltagem aplicada na e pela "classe média", que conceitualmente fica melhor caracterizada como segmento intermediário, dividido em duas partes, ou seja, quem está em luta é o segmento intermediário contra ele próprio. Uma parte mais conservadora que chega a supor que o PT tem como projeto conduzir o Brasil ao socialismo real e que para isso a "ocupação das instituições" e a corrupção são meios para o fim; o outro grupo do mesmo segmento intermediário entende que apesar de alguns escorregões, Lula e o PT conduziram o país para uma situação de menor desigualdade, com a inclusão de famintos e marginalizados e o progressivo aumento da renda desses brasileiros, que verdade seja dita estavam abandonados a própria sorte há muitas e muitas décadas.
A imagem acima, reduz a uma caricatura algumas das principais características do segmento intermediário:
a) a família feliz
b) a roupa bem cuidada ou de grife
c) a hereditariedade como sinônimo de dever social
d) a criança feliz, porém com "modos"
e) os cabelos cuidados impecavelmente
f) a cor branca na pele, que embora não seja única ela é majoritária
g) a pompa de quem deseja subir na escala social, quem sabe tornando-se empresários(burgueses)
 
Nenhum dos dois lados rompidos momentaneamente deixa de ter as características acima. A diferença é que uma parte é mais moralista e sensível ao noticiário e o outro lado possui uma sensibilidade social maior e acredita num capitalismo mais humanizado.
 
Portanto, quem acha que o Brasil está passando por um momento de acirramento da real luta de classes eu penso o contrário. Neste aspectos, o Brasil está deitado em berço esplêndido. Inclusive, a chamada classe C nasceu, cresceu e alimenta, de maneira diferente, os mesmos sonhos de ascensão de degraus sociais que a tradicional classe média alimenta.
 
Isso está no DNA do sistema capitalista. Acumular, crescer, subir degraus sociais etc.

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