quinta-feira, 26 de março de 2015

O HUMANO FINITO E SUA INFINITUDE

Há algo muito estranho sobre nós, seres humanos. A natureza nos dotou de racionalidade e nós cotidianamente praticamos a irracionalidade. As vezes chego a pensar que fomos produzidos pela natureza para destruí-la; sim, pois não é verdade que na natureza "nada se perde, tudo se transforma"? Não vejo porque a dinâmica dialética não venha a ser aplicada a própria natureza e ela sucumba.
 
A questão é, seriamos nós os algozes? Mas, e nós como parte da própria natureza, proclamaremos também a nossa finitude ou somos tão poderosos, verdadeiros deuses, a ponto de recriar um outro tipo de natureza e como parasitas nos inserirmos nela utilizando a nossa capacidade infinita de adaptação e criação de artifícios?
 
O humano finito é tão sábio que reconhece a sua finitude. E a pior coisa sobre este autoconhecimento é que ele só é possível graças a razão adquirida ao longo da sua evolução. "Penso, logo existo", porém a existência material é finita. A morte caminha ao seu lado o tempo todo.
 
Ah! Isso é inaceitável dentro do contexto natural. A nós não se aplicam todas as regras da natureza, posto que somos os "germes da sua destruição". Tem que haver algo mais. Somos ungidos por entidades e deuses temporais aos quais de tempos em tempos rebatizamos, pois até este poder nós temos: o de determinar a existência até mesmo das coisas que a razão não explica.
 
É só uma questão de semântica. Se a razão não explica, então chamamos de fé e pronto. O que importa é que nós decidimos. Nós mandamos no que é natural de tal forma que criamos o sobrenatural.
E tem mais, somos tão inteligentes que organizamos as premissas sob forma de dogmas e criamos as religiões. Criamos as religiões com hierarquia e tudo. Há hierárquica de gênero, de cátedra e até de quem pode ou não falar em nome das divindades e deuses que batizamos e rebatizamos de tempos em tempos.
 
Pronto. O problema da finitude foi facilmente resolvido. E com isso ficamos mais à vontade para instituir relações sociais e econômicas. E, havendo qualquer problema de esgarçamento de relações, que cada um busque seu conforto na fé, pois a razão só cria confusão quando afirma que as relações sociais e econômicas não precisam ser hierarquizadas e tampouco precisa haver a exploração do homem pelo homem. Isso não é racional é coisa de ateu comunista, que é desprovido do sentimento da fé no sobrenatural, que já existe desde a formação do universo!
 
A tal da ciência, que não tem mais do que uns 300 anos e está na sua infância, atreve-se a dizer que nós envelhecemos e morremos por causa de uns tais radicais livres. É isso que dá, deixar radical livre! Lugar de radical é preso.
 
A ciência fala de infinitude de outra forma. Fala que quando morremos nos transformamos em matéria orgânica em decomposição e viramos terra. O humano finito já falava nisso muito antes: "do pó viemos ao pó retornaremos". Mas, é claro que a nossa alma não vira pó, ela junta-se ao criador da vez. Depende do momento histórico e do dogma.
 
Por falar em dogma, há centenas por aí. Pegue aquele que te der mais conforto e rume ao infinito. A outra opção vem da física com suas teorias sobre espaço e tempo, energias, universos paralelos, teoria das cordas e até partícula de Deus. A física também pode nos fazer crer na infinitude.
 
Como viram, nós somos os verdadeiros deuses. Nós criamos todo esse imbróglio e com isso nos demos conforto mental. Até quem não acredita na infinitude encontra conforto através de uma vida mais mundana ou acadêmica. Ou de várias outras formas, mas importa é que nós mandamos e decidimos e Dona Natureza nos aguarde, pois ela sim é finita.

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