segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SUSTENTABILIDADE E O CAPITALISMO

Direto ao ponto, depois explico. Sustentabilidade ambiental e capitalismo são como água e óleo. Não se misturam. Há vários projetos de sustentabilidade por aí. Muitos em prática, é verdade, mas somente tampam o sol com a peneira; e se a peneira for de plástico, cuidado, pois derrete. O nosso amigo sol não está aberto a negociações.
 
A "enxugação" de gelo parte da própria ONU. Partindo da ONU, significa que partiu dos países. Vejam as quatro principais metas do milênio sobre sustentabilidade:
 
1) Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.
 
Muito lindo o primeiro item das metas. Digam-me uma coisa, alguém conhece no mundo um número superior aos dedos das mão de Estados Nacionais, que sejam rigorosamente soberanos?
 
Se são tão poucos assim, como podem implementar o item 1, se as soberanias nacionais, hoje em dia, são doutrinadas pelo (neo)liberalismo econômico. Estou falando do capital! Até a aprovação de leis rigorosas sobre o tema, passa antes pela apreciação dos investidores. Os países tremem quando ouvem a expressão "fuga de investidores" ou "fuga de capital".
 
2) Reduzir de forma significativa a perda da biodiversidade
 
Não precisa ser nenhum gênio para perceber que o item dois deixa uma brecha para o aumento das espécies vegetais e animais em risco de extinção. Perceberam?
 
Não precisamos de nenhuma matemática complexa para fazermos uma demonstração.
 
"Reduzir" não significa "parar". Você está numa estrada a 100 km/h e de repente resolve "reduzir" a velocidade e passa a viajar a 50 km/h. Foi uma redução significativa, você vai levar o dobro do tempo para chegar ao destino, que neste caso é a destruição ambiental.
 
Ainda que possa haver o argumento de que ao reduzir a perda da biodiversidade o ser humano deixa uma janela de tempo maior para a própria biodiversidade se recuperar, pelo menos em parte.
 
Matematicamente entra o componente "janela de alívio" para a biodiversidade. Ocorrerá, que como o quociente reduzido, conforme pede essa meta do milênio, a agonia será prolongada, pois a biodiversidade será cada vez menor, porém a sua eliminação tenderá ao infinito. Na prática significa dizer: "não ferramos com tudo, o que sobrou poderá se recuperar em 4 mil anos....".
3) Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e saneamento básico.
 
No papel é lindo. De olho nessa meta, a Nestle já propôs privatizar a água. Aliás a Nestle comercializa água através de garrafas pet em qualquer supermercado, local onde virou moda a venda de bolsas reutilizáveis. Caramba, "meu", é ter muita cara de pau, não é não?
 
Por que será que a Nestle não propôs, utilizando sua expertise, oferecer à sociedade meios de conservação da água de forma socializável?
 
Educação, severidade da lei contra empresas e proprietários de terras e fiscalização social contra o desmatamento, contra o despejo de dejetos em locais proibidos etc? Não é melhor a própria sociedade, esclarecida, atuar ajudando ao Estado?
 
O saneamento leva-se junto com a água. A obra é uma só. A questão é investir. Será que os bancos são prioritários frente a questões como educação, água potável e saneamento básico?
 
Pensem nisso, enquanto na maior parte do norte os países chegaram a um ponto de equilíbrio na sua população, estima-se que o ponto de equilíbrio do Brasil, que hoje tem 200 mil habitantes, será de 300 mil habitantes. Provavelmente em cerca de 50 anos. Eu lhes pergunto, estamos preparados para isso?
 
4) Alcançar, até 2020 uma melhoria significativa em pelo menos cem milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza.
 
1 bilhão de pessoas passam fome e os caras tratam do assunto como meta a ser atingida paulatinamente. Uma pequena redução das margens de lucro com um aporte inicial das reservas dos países ricos, resolve o assunto em poucos anos.
 
Não estou falando em dar esmolas. Despejar caixotes de aviões. Estou falando, agora sim, em desenvolvimento sustentável de pessoas. Resolva-se a urgência que só quem vive na mais profunda miséria conhece e insira-se todo esse bilhão de pessoas no sistema.
 
Qual sistema?....olha, se for no capitalismo tem o tal desemprego, tem a tal fuga de investidores, tem um imposto subterfúgio chamado lucro. O capitalismo resolve? Não. Por que e quais alternativas?....deixemos para próximo texto.
 

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