terça-feira, 12 de maio de 2015

POESIA: PECADO ORIGINAL

Ontem, este blog completou 7 meses e hoje atingiu a marca de 35.000 visualizações e 77 textos publicados. O que importa de fato é ver que ao dedicar algum tempo expondo opiniões, nem sempre conclusivas, pois muitas vezes tenho apenas a pretensão de provocar a reflexão em vez de apresentar um receituário "verdadeiro" para as coisas mundanas, pessoas demonstraram e demonstram interesse.
 
Não esperava chegar a tais números, pois geralmente trato de temas "chatos" como política, economia, história e sociedade. Além disso, sou apenas um palpiteiro com uma dose de pesquisa e leitura. Parece que essa "tal conectividade", juntamente com essa "tal interatividade" surtem efeito.
 
Como o próprio nome do blog sugere, o espaço é para minhas opiniões. E para as suas. O espaço para comentários está disponível. Penso que fazemos uma gota no oceano, mas acredito no poder da multiplicação das reflexões. Quem sabe até, algo daqui e dali transforme-se em ações. Vamos em frente!
 
Em minha publicação anterior, QUEM SOMOS NÓS, inspirei-me num verso do genial Fernando Pessoa: "Sou quem falhei ser". O verso fora pinçado do poema Pecado Original, que Fernando Pessoa assina como Álvaro de Campos.
 
Então, vamos comemorar as 35.000 visualizações apresentando o poema na íntegra. Uma verdadeira obra prima!!!
Pecado Original   -  Autor: Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
 
Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade -o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza -o propósito à mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão.
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
 

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